Procurador pede quebra de sigilo de Freud e Lacerda

Avelar e PF querem saber papel dos dois na obtenção dos dólares

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Por Agencia Estado
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Investigadores do caso do dossiê Vedoin decidiram pedir a quebra dos sigilos bancários de dois personagens centrais no caso. O procurador da República no Mato Grosso, Mário Lúcio Avelar, pediu à Justiça a quebra do sigilo de Freud Godoy, ex-segurança do presidente Lula e apontado, inicialmente, como mandante do pagamento pelo material anti-tucanos. A Polícia Federal decidiu adotar o procedimento com relação a Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha de Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo. No caso de Freud, a quebra se estende de janeiro a setembro deste ano e inclui operações de compra e venda de ações, realizadas pela Telemig junto à Bolsa de Valores, e movimentações em sua conta. O procurador quer saber se realmente foram transferidos R$ 396 mil em ações do investidor Naji Nahas para Freud em transação feita pela corretora do Banco Alpha. O Ministério Público também quer checar a real participação na compra do dossiê. O dinheiro da venda de ações teria sido depositado por Nahas em favor de Freud numa agência do Banco do Brasil em Brasília e depois repassado para a Caso Sistema de Segurança Ltda., empresa da mulher do ex-segurança, Simone. Resposta de Freud Em nota, Freud e seu advogado disseram que houve violação ilegal de seu sigilo bancário. "Não há qualquer decisão judicial autorizando a divulgação ou acesso aos dados bancários seja de Freud, seja da empresa Caso." Eles também negam a existência das movimentações. O nome do ex-segurança entrou na trama depois que Gedimar Passos, ex-agente da PF e ex-integrante do núcleo de inteligência da campanha de Lula, declarou em seu primeiro depoimento que foi ´a mando´ de ´Froude´ ou ´Freud´ que pagaria pelas denúncias do chefe da máfia dos sanguessugas, Luiz Antônio Vedoin, contra políticos tucanos. No segundo depoimento, Gedimar se calou e, na última semana, disse que envolveu o ex-segurança por pressão do delegado Edmilson Bruno. Desde que o nome de Freud surgiu no escândalo, o governo tem se esforçado para separá-lo do resto dos envolvidos e demonstrar que a inclusão de seu nome não passou de equívoco. No caso de Lacerda, a PF avalia que o rastreamento de sua movimentação financeira pode trazer informação importante para a investigação. O pedido, que inicialmente não era cogitado, foi entregue ontem à Justiça Federal, que ainda não decidiu se o autoriza ou não. Eficácia em questão A PF não costuma acreditar na eficácia dessa medida, pois trabalha com a hipótese de que ninguém envolvido numa trama criminosa vai usar a própria conta bancária para transitar dinheiro de origem ilícita. Mas esse conceito foi revisto depois que se tornou pública suposta operação de depósito de R$ 396 mil na conta de Freud. A situação de Lacerda se complicou quando imagens do circuito fechado do Hotel Íbis, onde Valdebran e o empresário Gedimar Passos foram presos com o R$ 1,75 milhão que compraria o dossiê, mostraram o ex-assessor de Mercadante tomando o elevador carregando uma pasta. À PF, Lacerda disse que levava apenas um notebook, boletos e material de campanha do PT. Valdebran o desmentiu. Arrecadador de campanhas do partido em Mato Grosso, ele afirmou ao delegado Diógenes Curado, que preside o inquérito, que foi Lacerda quem lhe entregou o dinheiro. O ex-coordenador da campanha paulista é um dos principais alvos da apuração. Para a PF, ele é um dos mentores do golpe, mas não o número um. Acima dele podem estar nomes mais importantes na hierarquia do PT, acredita a polícia. Lacerda já teve seu sigilo telefônico aberto por ordem da Justiça Federal. O histórico de chamadas a partir de quatro celulares aponta contatos com ministérios e com a cúpula do PT. Colaborou Fausto Macedo

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