Procuradoria do Rio denuncia três funcionários da cúpula da PF

Denúncia expõe antiga briga de bastidores entre os procuradores encarregados do controle externo da Polícia e a cúpula da Superintendência do DPF no Rio

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Por Marcelo Auler
Atualização:

RIO -  A Procuradoria da República do Rio denunciou à 8ª Vara Federal Criminal pelos crimes de denunciação caluniosa, coação no curso do processo e abuso de autoridade, o superintendente da Polícia Federal no Rio, Ângelo Fernandes Gioia, o corregedor da superintendência, Luiz Sérgio de Souza Góes, e o chefe do núcleo de Disciplina da Corregedoria, Robson Papini Mota.  A denúncia expõe uma antiga briga de bastidores entre os procuradores encarregados do controle externo da Polícia e a cúpula da Superintendência do DPF no Rio.

 

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Para os procuradores Fábio Seghese e Marcelo Freire os três delegados cometeram os crimes ao abrirem Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e inquérito policial contra o delegado Leonardo de Souza Gomes Tavares. O delegado, no Inquérito Civil Público instaurado na Procuradoria para apurar a omissão do DPF no Rio no combate ao tráfico de armas e drogas, denunciou  “uma queda abrupta nas apreensões de drogas no complexo aeroportuário”, por causa das mudanças provocadas pelo superintendente, entre elas a remoção de policiais daquela delegacia.

 

Segundo os procuradores, os delegados usaram a “Corregedoria da PF para retaliar e constranger o delegado a mudar as declarações prestadas ao MPF”. Eles consideram o PAD “completamente atípico e extraordinário para os padrões do setor" e lembram que três anos após  as Operações Furacão I, II, III, IV e Rescaldo, “não foram abertos processos disciplinares contra diversos policiais federais que respondem a ações penais na Justiça Federal por crimes como formação de quadrilha, contrabando, corrupção passiva, entre outros delitos, no grave contexto de envolvimento com a máfia dos caça-níqueis”.

 

O delegado Gioia, ontem não considerou oportuno rebater as acusações da denúncia. Espera ser citado judicialmente para, segundo disse, “desconstituir isto (as acusações) com uma certa facilidade”. Ele destacou outras questões - que mostram a briga de bastidores - como três representações que fez contra os procuradores, por entender que Seghese e Freire “usaram o inquérito civil para criar constrangimentos na minha administração”. Com relação aos processos contra o delegado Leonardo, explicou  que foi uma decisão conjunta dele, do corregedor do Rio, do Chefe de Disciplina, com o conhecimento do corregedor de Brasília. “Este delegado terá que apresentar provas ou se justificar do que ele falou nestas acusações”. O delegado Leonardo não foi encontrado no Rio.

 

Freire disse que o objeto do Inquérito é  “investigar a possível omissão da Polícia Federal no combate ao contrabando de armas”, como denunciado pelo secretário de segurança, José Mariano Beltrame. “Não queremos interferir em nada que seja da alçada do poder do gestor. O que não podemos compactuar é com ilegalidades na condução do processo. Não vamos interferir na gestão, mas havendo ilegalidade temos a obrigatoriedade de denunciar”, concluiu.

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