Professor teria se desviado de barreira da PM

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Por Agencia Estado
Atualização:

O depoimento de dois policiais militares do 3º Batalhão (Méier) informa que o professor de inglês Frederico Branco de Faria, de 55 anos, desviou-se de uma blitz da Polícia Militar antes de passar pelo bloqueio do Exército, em Inhaúma, zona norte. Faria foi morto a tiros na madrugada desta terça-feira por soldados que montaram uma barreira próxima de onde os PMs estavam. Os policiais, no entanto, não souberam confirmar se o professor furou a barreira do Exército ou foi recebido a tiros por eles. Segundo o delegado Rômulo Prado, da 44ª Delegacia Policial (Inhaúma), os PMs André Luiz Ventura e Luiz Carlos Soares disseram que o Corsa verde ocupado por Faria fez um desvio em alta velocidade quando viu a blitz da PM e, em seguida, partiu para a rua de baixo, onde se deparou com a barreira do Exército. Eles ouviram os disparos, mas, como estavam distantes do bloqueio dos soldados, não puderam ver como o professor foi morto. Ventura e Soares disseram ainda que, duas horas antes do crime, ocupantes de um Corsa preto lançaram contra eles uma bomba de fabricação caseira. Ela estourou, mas ninguém ficou ferido. O chefe de Comunicação Social do Comando Militar do Leste, coronel Ivan Cosme, não quis comentar o depoimento dos PMs. Ele considerou a morte do professor um episódio "lamentável, mas previsível". "Quando colocamos 3 mil homens na rua em uma cidade onde está havendo problemas, é previsível que haja troca de tiros", disse o coronel. Segundo ele, a versão dos soldados será apurada no Inquérito Policial-Militar, instaurado nesta terça-feira pelo Exército. O IPM tem prazo de 40 dias para apresentar resultados. Faria foi enterrado nesta quarta de manhã no cemitério de Irajá, zona norte. A família ainda não decidiu se vai processar o Estado. "Nem cogitamos indenização. Preciso conversar com meus outros cinco irmãos", disse Tiago Branco de Faria. Ele não apontou possíveis culpados, mas considerou o episódio como "barbárie". "Meu irmão foi brutalmente assassinado. Não estou culpando nem a polícia nem o Exército, mas a quem couber a carapuça que fale", disse. A namorada de Faria, Rosângela da Silva, que estava no carro com ele na hora do crime, não falou com a imprensa. Veja o especial:

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