Professores do PR recolhem provas de violência da PM

Objetivo é incluir material em inquérito que apura abusos em ação na quarta-feira; Centro Cívico voltou a concentrar protestos

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Por Julio Cesar Lima
Atualização:

CURITIBA - Os servidores paranaenses envolvidos no confronto de quarta-feira com a Polícia Militar, no Centro Cívico de Curitiba, recolheram pedaços de bombas para levar ao Ministério Público Estadual, que investiga abusos na ação repressiva. Nesta sexta-feira, 1, as manifestações do Dia do Trabalho na capital foram marcadas por atos de repúdio à intervenção policial.

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A professora Vera Marcia Mortean, de 53 anos, foi uma das que guardaram restos do arsenal usado pela polícia na repressão da manifestação, que acabou com 234 feridos.

O governo do Estado afirma que a ação foi necessária para impedir a invasão da Assembleia Legislativa, que votava mudanças na previdência estadual, e só aconteceu após provocação de black blocs infiltrados. “Foi a PM sendo usada como aparato ideológico para impedir uma manifestação livre, foi um exercício de atitude antidemocrática”, rebate Vera.

Tinta na fonte:Manifestantes ainda arriaram bandeiras e colocaram faixas em estátuas Foto: Orlando Kissner

O Ministério Público deverá ouvir, nos próximos 30 dias, todas as pessoas que queiram relatar o que aconteceu durante o confronto. O objetivo é apurar as responsabilidades. O promotor Eliezer Gomes vê “indícios de excessos”. 

Vera conta que recolheu as peças na madrugada de quinta-feira, horas depois dos confrontos. “Fiz também a pedido de uma professora amiga que foi atingida pela polícia e precisou ser atendida pelos médicos”, contou. Ela ainda entregou um vídeo que mostra uma ação policial na madrugada do dia 28. 

A professora, que leciona há 28 anos, afirmou que a ação policial já era observada desde o primeiro dia de manifestação. “Policiais à paisana monitoravam toda a área e, em um determinado momento, avançaram para onde estávamos acampados e iam arrastando (segurando por braços e pernas) as pessoas que se colocaram, deitadas, na frente do carro de som que era usado pelo movimento para informar o que acontecia dentro da Assembleia”, disse.

Protestos. Nesta sexta, manifestantes de diversos segmentos caminharam da área central da capital até o Palácio Iguaçu, no Centro Cívico, local do confronto. Os organizadores estimavam em dez mil pessoas mobilizadas, enquanto a Guarda Municipal indicava cinco mil no ato. Não houve registro de violência.

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Os manifestantes jogaram tinta vermelha na fonte que fica na frente do Palácio Iguaçu, do governo do Estado, arriaram as bandeiras do Brasil e do Paraná, e colocaram faixas pretas nas principais estátuas do percurso, incluindo as de Nossa Senhora da Salete, que fica na frente da Assembleia Legislativa. O Batalhão de Choque segue posicionado ao redor do palácio.

Grupos ainda desfilaram com cruzes e cartazes que estampavam os rostos dos deputados estaduais que aprovaram o projeto que muda a previdência e divide contribuições entre governo e trabalhadores.

MST. No interior, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Teto (MST) fez bloqueios em apoio aos professores. Foram fechadas as praças de pedágio de Floresta (PR-317) e Sertaneja (PR-323) e as rodovias federais em Cascavel, Prudentópolis, Candói, São Miguel do Iguaçu e Céu Azul.

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