09 de outubro de 2010 | 00h00
Mazela, nenhuma. É preciso exaltar o tom positivo que norteia o "vote em mim".
Olho no olho da câmera, tailleur vermelho de um lado e camisa azul com gravata vermelha de outro, o figurino dos protagonistas em estúdio valoriza a identidade criada por eles até aqui, um acerto. Não é hora de trocar de roupa. É hora de ler os mandamentos do teleprompter. Dilma, com iluminação mais sutil ao fundo, e Serra aparecem ali como se estivessem na sala de estar de casa. A mobília, até para destacar o protagonista de cada cena, surge ligeiramente desfocada, mas cumpre-se o propósito de exibir intimidade com o eleitor e convidá-lo a entrar.
A campanha de Dilma não arreda pé da ideia de contar com atores capazes de endossar seu recado. Tem a mocinha negra para uma frase e a branca, de olhos azuis, para completar o jogral. A edição da candidata recorre, com efeito didático, a animações gráficas, seja para enumerar os aliados eleitos no Congresso e no Senado, seja para ilustrar suas promessas.
No enunciado de Serra, a presença de terceiros anônimos se fez notar de modo ainda mais anônimo, e prevaleceu aquela locução em off, sem cara, de voz já associada à imagem do candidato. Grávidas vestidas de branco acariciavam a barriga, em videoclipe ali inserido quase de modo envergonhado, quer dizer, fora do contexto da edição: só quem estava a par da discussão em torno do aborto captou a legenda oculta. Mas como a imagem de gestante é sempre bem-vinda ao universo da propaganda, os desavisados nada perderam. Bonequinhos de Matrioska encerraram a cena tucana - o dele com miolo recheado, o dela, oco.
É EDITORA DO SUPLEMENTO "TV" DE "O ESTADO DE S. PAULO"
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