Proibição de cães violentos causa polêmica em São Paulo

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Por Agencia Estado
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A Assembléia Legislativa de São Paulo aprovou nesta segunda-feira o projeto de lei 55/1999, que proíbe criação, venda, reprodução e importação de pitbulls, rottweilers e mastins napolitanos. A decisão deve chegar no começo de outubro ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), que poderá sancioná-la ou vetá-la total ou parcialmente. Criadores se mobilizam Criadores e entidades de proteção aos animais estão preparando mobilizações. Se for sancionada, a lei obrigará donos de cães das três raças a registrá-los, ficando responsáveis criminalmente por eles, e a castrá-los. Quem não cumprir as exigências terá de pagar multa inicial de R$ 1.500,00 e valores dobrados em caso de reincidência. Experiências diferentes A estudante Luana Stella Maris Moll, de 18 anos, conviveu com a pitbull Chula, de seu ex-namorado, desde que o animal tinha três meses. Dizia que era seu xodó até que há dois anos foi atacada e teve de levar 30 pontos na perna esquerda. Já a representante comercial Glenda Martins, de 23 anos, vive sozinha com seu rottweiler Jim há quatro anos. Ela cria o animal dentro de casa, não anda com ele solto na rua e diz ter domínio total sobre o cão, a ponto de deixá-lo dormir na sua cama. Luana e Glenda vivem em São Paulo, mas têm opiniões contrárias sobre a polêmica que nasce na cidade. No começo, só pitbulls Segundo o autor do projeto, Gilberto Nascimento (PSB), o texto inicial tratava apenas dos pitbulls, mas duas emendas incluíram mastins e rottweilers, usados até mesmo pela Polícia Militar. "No mundo todo, cães ferozes estão sendo proibidos. Na França, por exemplo, há uma lei para acabar em dez anos com eles", diz Nascimento. "Sei que haverá manifestações contrárias, mas a lei é boa na medida que tirará das casas, em até 13 ou 14 anos, feras cuja força de mordida chega a 500 quilos", afirma o parlamentar. "Na orelhada" Criadores e proprietários das três raças discordam da decisão da Assembléia. Nesta quarta-feira, às 20 horas, alguns deles devem reunir-se no Kenel Clube Paulista. Eles dizem que o deputado se baseou apenas em notícias de jornais para elaborar o projeto "na orelhada" e não se interessou pelos materiais oferecidos por eles. Para a responsável pela vistoria zoo-sanitária do Centro de Controle de Zoonoses, Sônia Maria Sodré Cardoso, a lei é absurda. "É o mesmo que querer proibir uma fábrica de fazer determinada marca de automóvel, porque com ela alguém atropelou um pedestre", compara. "Fizeram a caveira dessas raças, mas todo cachorro ataca, caso se sinta ameaçado. Na maioria dos atendimentos que fazemos, as vítimas foram atacadas por vira-latas." Problema são os donos Para Sônia, os donos é que deveriam ser controlados. "O problema está nas pessoas que usam o cão para mostrar força e os criam de forma errada." A veterinária Sheila Ginicolo também é contrária à lei. "Não dá para dizer que 100% deles são agressivos, porque depende de como foram tratados quando filhotes." Nas ruas, as opiniões variam. "A lei é ridícula e racista. Tive um rottweiler que era mais manso que um cocker", afirma o webdesigner Fernando Rodrigues. "Sou a favor de proibirem esses cachorros em lugar público, porque tenho bebês e fico preocupada", contesta a publicitária Eliana Andrade. A especialista em culinária e dona de um boxer Francisca Militão concorda. "Tenho medo e saio de perto quando vejo cães perigosos. Sou a favor de esterilizá-los para acabar com a raça."

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