Projetista de barragem da Samarco afirma ter alertado empresa em 2014, diz jornal

Engenheiro verificou 'princípio de ruptura' no reservatório

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Por Redação
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O engenheiro Joaquim Pimenta de Ávila, projetista da barragem da Samarco que se rompeu em Mariana (MG), disse, em depoimento à Polícia Federal obtido pelo jornal Folha de S.Paulo, ter alertado a mineradora, em 2014, sobre um "princípio de ruptura" no reservatório, classificando a situação como "severa". Segundo o texto, Ávila afirmou que a barragem "necessitava de uma providência maior do que a Samarco estava tomando". Ao jornal, a mineradora disse em nota que todas as ocorrências que surgiram durante a manutenção das barragens em 2014 foram tratadas. Na sexta-feira, o Broadcast informou que o Ministério Público de Minas Gerais (MPE) emitiu parecer considerando insuficiente o plano de emergência apresentado pela Samarco à Justiça para a hipótese de rompimento das barragens e diques da mineradora que continuam de pé em Mariana. A informação foi dada pelo promotor Mauro Ellovitch, que faz parte da força-tarefa que investiga a queda da represa de Fundão, que ruiu em 5 de novembro destruindo o distrito de Bento Rodrigues. Até o momento, foram confirmadas 17 mortes. Duas pessoas continuam desaparecidas. O plano já havia sido entregue com atraso. O prazo venceu na segunda-feira, dia 11, mas o material só foi protocolado na terça-feira, 12. A multa prevista pelo atraso é de R$ 1 milhão por dia. No parecer enviado ontem ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), Ellovitch pede para que a multa diária seja elevada para R$ 5 milhões. "Não há nenhum interesse arrecadatório. O que queremos é compelir a empresa a cumprir suas obrigações", argumentou o promotor.

Ruínas do subdistrito de Bento Rodrigues, que foi destruído após desmoronamento de barragens Foto: Márcio Fernandes | ESTADÃO

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Também nesta sexta-feira, saiu a informação de que o monitoramento de barragens de rejeitos de minério de ferro deixará de ser feito pelas empresas do setor e será transferido para órgãos estatais ambientais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e secretarias estaduais. 

Resposta. Em nota, a Samarco disse que a barragem de Fundão foi projetada para 'elevação de 920m, sendo certo que na data do evento a barragem ainda não alcançara integralmente a cota de 900m'. A empresa também explica que todas as recomendações técnicas foram respeitadas e que o consultor não alertou com gravidade sobre a possibilidade de rompimento da barragem.

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