Proliferação de sindicatos vai na contramão mundial

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Por Lu Aiko Otta
Atualização:

BRASÍLIA A proliferação de sindicatos no Brasil vai na contramão da tendência mundial. Nos demais países, as entidades passam por um processo de fusão para ganhar poder de barganha. A avaliação é do professor José Dari Krein, diretor adjunto do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho da Universidade de Campinas (Unicamp). "Seria necessário criar condições de estimular a unificação dos sindicatos", disse. "Vemos a legitimação do movimento de fragmentação, quando deveria acontecer o contrário", diz ele. A pulverização dos sindicatos é mal vista também pelos próprios dirigentes sindicais e pelo governo. "Não é bom para a força dos trabalhadores", analisa o ex-secretário de Relações do Trabalho Luiz Antônio de Medeiros. "Enquanto existir o imposto sindical, isso vai acontecer." O imposto sindical não é a única explicação para o crescimento do número de sindicatos no País. Há casos, por exemplo, em que grupos políticos derrotados nas eleições optam por fundar outra entidade. Para tanto, precisam driblar a Constituição, que prevê a unicidade (um sindicato por categoria a cada município). O expediente mais usado é criar uma entidade que represente uma parcela específica da categoria. Em outros casos, os trabalhadores sentem necessidade de uma representação própria. Segundo Krein, o processo de fragmentação de sindicatos ocorre desde os anos 1930 e é fruto, em parte, da crescente especialização da economia. Nos anos 1980 até o início da década seguinte, diz ele, o movimento sindical ganhou impulso porque a esquerda optou por atuar por intermédio dessas entidades. Além disso, a Constituição de 1988 permitiu a criação de sindicatos de funcionários públicos, até então proibida. Nos anos 1990, diz ele, a conjuntura econômica desfavorável enfraqueceu o papel dos sindicatos.

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