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Protesto de fretados fecha Paulista

Cerca de 300 manifestantes, entre empresários e usuários, pararam o tráfego da avenida em horário de pico

Por Renato Machado
Atualização:

Um protesto de empresários e passageiros de ônibus fretados fechou ontem, no fim da tarde, a Avenida Paulista, em pleno horário de pico. Cerca de 300 pessoas, segundo a Polícia Militar, muitas delas com nariz de palhaço e faixas com ofensas ao prefeito Gilberto Kassab (DEM), invadiram as pistas na frente do Museu de Arte de São Paulo (Masp), parando toda a via e provocando reflexos em outros importantes corredores, como as Avenidas 23 de Maio e Doutor Arnaldo. O grupo reivindicava a suspensão da portaria publicada ontem no Diário Oficial da Cidade que restringe a circulação dos fretados na cidade e proíbe em algumas avenidas, como a Paulista. A partir de segunda-feira, esses veículos não poderão parar em uma área de 70 quilômetros quadrados dentro do centro expandido, entre as 5 e as 21 horas. Somente será aberta exceção para os fretados que tiverem pontos dentro de empresas para o embarque e desembarque. O grupo de manifestantes começou a se reunir por volta das 17h30, no vão do Masp. Após formarem um bom número, eles invadiram as pistas, paralisando por cerca de 25 minutos os dois sentidos da Paulista. Após esse período, chegaram os primeiros policiais, que negociaram a liberação das faixas de ônibus e uma outra no sentido da Rua da Consolação. "Não somos criminosos. Só estamos reivindicando o direito de trabalhar", argumentava Renata Rebizzi, dona de uma empresa com frota de 11 veículos. Ela afirma que costuma transportar 530 passageiros e a metade já cancelou os contratos. No entanto, a Paulista voltou a ser fechada totalmente por diversos momentos pelos manifestantes. "Eles se aproveitavam do fechamento do semáforo para invadir as demais pistas", disse o major Fernando Antônio de Mello, comandante do 7º Batalhão e responsável pela operação na área. No total, participaram do policiamento 60 agentes, em 40 motocicletas e 10 automóveis. O número de manifestantes aumentava a cada ônibus fretado que parava nos semáforos. Por volta das 19h35, o grupo começou a caminhar no sentido Paraíso, ocupando duas faixas da via e entoando gritos como "Fora, Kassab" e "Fretado é trabalho". O protesto terminou uma hora depois, quase na esquina da Alameda Joaquim Eugênio de Lima. Ninguém foi detido pela polícia. Embora os empresários afirmem que os organizadores foram os passageiros, esses informaram que a manifestação foi incentivada pelos funcionários dos fretados ao longo da semana. "Quando eu fiquei sabendo, decidi vir, porque me vejo sem saída após a restrição. Estou pensando até em largar o emprego porque não vai compensar gastar R$ 107 a mais para pegar um fretado e depois enfrentar metrô lotado", afirma a monitora de qualidade Daniela Braga, de 33 anos. O motorista Rosilmar Mendonça diz que provavelmente vai ficar desempregado por causa da restrição. "O Kassab fala que o transporte público é bom. Mas eu aposto meu salário de R$ 1,4 mil como ele não tem coragem de enfrentar dois dias vindo de Ribeirão Pires e fazendo quatro baldeações, como os meus passageiros precisariam fazer. É por isso que todo mundo vai vir de carro." EXCEÇÕES A Secretaria Municipal dos Transportes (SMT) anunciou que vai começar a funcionar na manhã de hoje o serviço na internet para emissão de autorização especial para a circulação dos ônibus fretados. Os empresários do setor terão seis horas para realizar o pedido, uma vez que o link no site da Prefeitura vai entrar no ar às 8 horas e o prazo termina às 14 horas. Todos os casos, incluindo os pedidos feitos por quem tem garagem e não vai precisar parar na rua, deverão ser avaliados ainda hoje. No caso de requerimentos fora de horário, as permissões serão emitidas para a terça-feira.

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