Protesto de sem-teto bloqueia rodovia e avenidas em PE

Movimento reivindica a disponibilidade de prédios ociosos e mais recursos federais para o Fundo de Habitação de Moradia Popular

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Por Agencia Estado
Atualização:

Movimentos de sem-teto provocaram longos engarrafamentos na manhã desta quarta-feira, 11, em várias áreas do Recife e Olinda e na BR-232 - que liga o litoral ao sertão - na altura do município de São Caetano, no agreste. Também ocuparam um casarão abandonado da Cruz Vermelha, no bairro de Campo Grande, na zona norte da capital, e fizeram mobilização na prefeitura de Paulista, na região metropolitana. O bloqueio da BR-232, realizado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), contou com a ajuda e apoio do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). "Protestamos contra a lentidão dos processos de reforma agrária e de reforma urbana", justificou o MST em nota à imprensa. A rodovia foi liberada cerca de uma hora depois, provocando engarrafamentos de dois quilômetros e meio nos dois sentidos. No Recife, o MTST, filiado à União Nacional por Moradia Popular, que coordena mobilizações em vários Estados do País, impediu o trânsito no Cais de Santa Rita e na Avenida Dois Rios, no bairro do Ibura. Com o forte calor e o trânsito travado, muitos passageiros preferiram descer dos ônibus e fazer o percurso a pé. Quem estava de carro teve de ter muita paciência para chegar onde queria. Elisabete Aragão é um exemplo dos que sofreram as conseqüências do protesto. Ela tinha um compromisso às 8h30 no bairro da Boa Vista. Saiu de Boa Viagem, onde mora, na zona sul, antes das 8 horas e o percurso que costuma fazer em meia hora só foi completado em mais de duas horas. Como não passou por nenhum bloqueio, nem viu nenhum acidente de trânsito, Elisabete não conseguia compreender o que acontecia na cidade. O MTST foi responsável ainda pela ocupação de um casarão abandonado da Cruz Vermelha no bairro de Campo Grande, na zona norte. O movimento reivindica a disponibilidade de prédios ociosos, públicos e privados, para os sem-teto e mais recursos federais para o Fundo de Habitação de Moradia Popular. "É preciso que os governos pensem com mais seriedade numa política habitacional para o País", defende o coordenador estadual Marcos Cosmo. Segundo ele, Pernambuco tem 315 mil famílias sem-teto. Simpatizante da União Nacional por Moradia Popular e iniciando processo de filiação à entidade, a Organização e Luta dos Movimentos Populares de Pernambuco (OLMP) engrossou os protestos. Bloqueou as avenidas Norte, na zona norte do Recife, e a Presidente Kennedy, em Olinda - que funcionam como corredores de tráfego - e fez um ato de protesto na prefeitura de Paulista. O coordenador estadual, Paulo André de Araújo, disse que a organização luta por moradia para 2.020 famílias. Ele prometeu mais mobilizações durante este mês. Salvador Cinqüenta integrantes da União Nacional por Moradia Popular e do MTST de Salvador invadiram, na manhã desta quarta a área externa do Hospital Sarah Kubitschek, na Avenida Tancredo Neves - uma das mais movimentadas da capital baiana. "Não é uma invasão propriamente dita, mas uma manifestação", afirma um dos líderes da União Nacional, Sérgio Bulcão. Para entrar no local, os manifestantes derrubaram parte da cerca que circunda a área - que pertence ao INSS. "Nossa luta é opor avanços nos projetos que já existem, mas que estão parados, como o Crédito Solidário (para a construção de casas populares)", acrescentou Bulcão. Ele afirmou que a manifestação não tinha "hora para acabar".

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