Protesto reúne 50 ex-moradores do Palace 2

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Cinqüenta ex-moradores do edifício Palace 2 participaram hoje de manhã de um protesto contra a decisão do juiz Heraldo Saturnino de Oliveira, da 33.ª Vara Criminal, que absolveu o ex-deputado Sérgio Naya de culpa pelo desabamento do prédio. Apenas o engenheiro José Roberto Chendes foi condenado a 2 anos e 8 meses, trasnformados em serviços a comunidade. Para eles, a Justiça foi parcial ao julgar o caso. "Desde o início, Naya teve tratamento vip da Justiça", reclama Alice de Moraes, que passou a sofrer de pressão alta e síndrome do pânico depois da tragédia, ocorrida no carnaval de 1998, na qual morreram oito pessoas. O ato aconteceu no local onde ficava o prédio, na Barra da Tijuca, zona oeste. Vítima da mesma síndrome de Alice, Rosana Bacelar Nunes era uma das mais exaltadas. "Tenho uma filha de 16 anos que sofre de estresse emocional e meu filho, de 12, não entra em elevador", desabafa. Nervosa, Rosana conta que por quatro vezes pessoas já estiveram no prédio onde mora, fazendo perguntas sobre a sua vida. Rosana diz que um deles trabalha em um escritório de Naya em Ipanema, zona sul. "A gente já foi até ameaçado de morte, na frente da Polícia Federal, pelo irmão do Naya". Outra vítima, Paulo Tavares, lembra de uma declaração do ex-deputado, flagrada por uma câmera amadora, para colocar sob suspeita a decisão judicial. "Ele dizia que a Justiça era o canhoto do cheque dele. A absolvição só serve para endossar esse cheque". Aposentado por problemas de saúde, Tavares sofre de problemas no coração. "Até o desabamento eu nunta tinha tido problemas cardíacos". Reunidos em uma associação, os manifestantes, apesar da frustração, não desistiram de lutar na Justiça pela condenação daquele que consideram o grande vilão da história. "Me sinto impotente. Mas não vou aceitar essa sentença hedionda. Acredito nas outras instâncias da Justiça", afirmou Alice. "Fiquei indignada, passada, revoltada, chorei pensando nos meus amigos que morreram", relata Rosana, que chegou a escrever um livro, E tudo virou pó, em que narra seu drama. "É como se nada tivesse acontecido", resume Tavares.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.