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Próximo governo terá de tomar medidas "duras e difíceis", diz FHC

Em Portugal, ex-presidente diz que Brasil passou de um "Estado de mal-estar social para um Estado de bem-estar social" e, para manter, é preciso tomar medidas difíceis

Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse na última sexta-feira em Leiria, Portugal, que o próximo governo do Brasil tem de tomar medidas "duras e difíceis" para retomar o crescimento econômico. Diante de 150 pessoas, em um jantar-conferência, Fernando Henrique Cardoso disse que "o Brasil tem de retomar taxas de crescimento mais elevadas" para manter os atuais índices de responsabilidade social. "Com democracia não é possível deixar de haver acesso à educação, à saúde, que hoje tem atendimento geral, e de manter os programas sociais que comecei e foram evoluídos pelo presidente Lula", sustentou, numa palestra seguida atentamente pelo anfitrião, o ex-presidente de Portugal Mário Soares. Bem-estar social "Passamos de um Estado de mal-estar social para um Estado de bem-estar social e sem um crescimento mais sustentado não vai ser possível mantê-lo", disse o ex-presidente, lembrando que o Brasil conta com "um déficit muito grande na Previdência, de 25 bilhões de dólares por ano, e que o governo tem compromissos sociais crescentes". Fernando Henrique Cardoso considera que para se atingir o objetivo, "o governo vai ter de tomar certas medidas difíceis" e que, para isso, "é necessário um Congresso que respeite a orientação do presidente". Deixando a sua natural preferência eleitoral, o ex-presidente brasileiro considera que "dadas as condições políticas mais recentes, que provocaram uma certa descrença na capacidade do governo atual em tomar decisões políticas, ainda que ele [Lula] venha ser reeleito, essas dificuldades não vão diminuir". Em sua palestra, Fernando Henrique Cardoso disse ainda que existem condições de base, de forma a permitir elevar os níveis de crescimento da economia brasileira. "Nos anos 70, o Brasil crescia em média 7% ao ano, nos anos 80 passou para 1,2%, e de lá para cá é de 2,6%", disse. "Existe uma democracia, que tem defeitos e virtudes, mas está consolidada e o Brasil tem muita energia, tem condições, mas para voar precisa chegar a certos consensos", acrescentou, lembrando que outros países com mais dificuldades, como o Chile, estão conseguindo alcançar esses entendimentos internos. "O Brasil tem uma base industrial muito forte, que melhorou muito nos últimos 20 anos", disse, afirmando que "55% das exportações são manufaturas". "Atualmente, exportamos cerca de 150 bilhões de dólares por ano" disse, acrescentando que o Brasil tem ainda "uma agricultura competitiva e que também avançou muito no setor terciário". Com relação à falta de segurança na sociedade, um dos temas levantados pelo público, o ex-presidente brasileiro considera que "falta mais Estado para assegurar a liberdade e para garantir a segurança das pessoas".

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