O comando nacional do PSB deu ontem ao deputado Ciro Gomes a saída política honrosa que ele desejava para que o partido possa abandonar definitivamente sua candidatura presidencial sem provocar uma crise interna na legenda.Em reunião com o presidente do partido e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e com o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, ficou combinado com Ciro que a proposta de candidatura presidencial será submetida aos diretórios regionais da legenda e discutida na próxima terça, na reunião da Comissão Executiva Nacional.A maioria dos diretórios regionais vai declarar apoio à proposta de aliança em torno da petista Dilma Rousseff e selará a retirada de candidatura de Ciro. A manobra atende ao desejo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que quer o PSB coligado oficialmente ao PT.Mas, mesmo sendo derrotado nessa consulta formal, o processo de apuração da opinião dos integrantes do PSB dará a Ciro o discurso de que sua saída da disputa foi decisão tomada pela maioria e não um sinal de interferência externa de Lula ou falta de prestígio interno.Até lá, o deputado manterá o discurso de que pretende, sim, concorrer ao Planalto. Na noite de ontem mesmo, Ciro divulgou nota oficial afirmando que jamais desistirá da candidatura presidencial, como chegou a ser divulgado durante a tarde.No texto, ele negou que tenha retirado sua candidatura à Presidência da República. Ciro afirmou que continua candidato, que considera sua postulação importante para o PSB e para o País, e que jamais desistirá de concorrer ao Planalto.A reunião de ontem foi provocada pelas críticas públicas feitas por Ciro ao PSB, cobrando uma posição sobre a candidatura presidencial e reclamando que o partido precisava pensar grande para poder crescer.Alianças. Na conversa, Ciro reafirmou sua disposição de disputar a eleição presidencial. Ouviu dos dirigentes que a maior parte do PSB prefere não ter candidatura própria para facilitar a montagem das alianças regionais, unificando seus palanques com o PT, na maioria dos casos. O partido terá candidatura própria ao governo em dez Estados.Oficialmente, Campos diz que a decisão sobre a candidatura presidencial ainda será tomada. Na prática, porém, a candidatura de Ciro nunca foi levada a sério dentro do partido. O PSB, por exemplo, nunca procurou qualquer partido para tentar formatar uma aliança que garantisse maior tempo de propaganda eleitoral gratuita na televisão e no rádio para Ciro. Também nunca concebeu uma agenda de eventos para que o deputado federal pudesse divulgar sua pré-candidatura, como têm feito Dilma e José Serra (PSDB).De acordo com Eduardo Campos, Ciro concordou com a proposta de consulta aos diretórios. "Ele disse que mantém o desejo de representar o PSB. Temos Estados que vão na mesma linha e outros que não entendem assim. Como presidente do partido, meu dever é unificar essa posições e preservar a unidade interna do PSB", disse Campos.