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PSDB acusa Marta de fraudar estudo de tarifa

Por Agencia Estado
Atualização:

Dados contraditórios assinados pela prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), sugerem superfaturamento na cobrança da nova tarifa dos ônibus da capital, definida em R$ 1,40, segundo a equipe técnica do vereador Gilberto Natalini (PSDB), um dos principais opositores do governo e líder tucano na Câmara. O problema refere-se ao número de motoristas e fiscais dos veículos que circulam pela cidade, que influenciam diretamente no cálculo do preço da passagem. "Aumentaram o número de profissionais para justicar o preço maior da tarifa, que é a tarifa do PT, de R$ 1,40 em todas as cidades da Grande São Paulo." A administração sustenta que o novo preço foi reavaliado, portanto, a tarifa está correta. De acordo com requerimento recebido no dia 8 pelo tucano e assinado pela prefeita, o número de motoristas por ônibus na capital era de 1,88. Esse número multiplicado pelo custo do motorista (salários e benefícios) resulta em um custo unitário de R$ 3.707,80 por veículo. No total, o custo de toda a frota seria de cerca de R$ 36 milhões. "Ao utilizar outros dados, o custo da tarifa sobe." Na publicação do Diário Oficial no dia 18, que justificou o aumento da tarifa para R$ 1,40, o número de motoristas por veículo pulou para 2,01. Isso resulta num gasto de R$ 39.250.207,92. Na prática, isso quer dizer que a Prefeitura contratou 1.300 motoristas em 10 dias. "Considero isso impossível", afirmou Natalini. Com os fiscais, segundo a equipe técnica do tucano, aconteceu o mesmo. Na planilha enviada ao vereador no dia 8, constavam 0,24 fiscal de catraca por ônibus. No dia 18, quando os custos do sistema foram oficializados, o número de fiscais por ônibus passou para 0,28. Se o requerimento enviado a Natalini estiver correto, os cofres públicos terão um prejuízo anual de pelo menos R$ 55 milhões. E ainda: a passagem deveria custar, no máximo, R$ 1,32. A Prefeitura gastou 1,2 milhão com o estudo feito pela Fipe, que sugeriu passagens de R$ 1,30 a R$ 1,35. Nesta quarta-feira, Natalini deu entrada numa representação no Ministério Público Estadual (MPE) para que seja investigado a diferença das planilhas. "Ou foi uma manobra para justificar uma tarifa maior ou um amadorismo muito grande por parte da Prefeitura em apresentar números diferentes", disse Natalini. O líder do governo na Câmara, José Mentor (PT), nega que tenha havido erro do governo. Segundo ele, o valor da tarifa é resultado de uma série de cálculos, e o custo do sistema é sempre inferior ao da passagem. Segundo ele, o custo total do sistema tem de levar em conta as gratuidades, como o vale-transporte e o passe escolar. Em relação às planilhas, o vereador afirmou que devem ser esclarecidas pelo presidente da SPTrans, Carlos Carmona, que estará na Câmara nesta quinta-feira para prestar esclarecimentos. Segundo a assessoria de Imprensa da Secretaria Municipal dos Transportes, a diferença nos valores entre as planilhas deve-se à metodologia no cálculo nas duas planilhas. Na que foi enviada à Câmara, foram utilizados dados fornecidos pelas empresas de ônibus que, segundo a prefeita declarou na época, não eram confiáveis. Na planilha publicada no Diário Oficial, foram aplicados os índices levantados pela Fundação Instituto de Pesquisa (Fipe), no estudo encomendado pela Prefeitura e que foi determinante no cálculo da nova tarifa de ônibus. A partir de amanhã, a tarifa de ônibus já é R$ 1,40. Os 15 mil perueiros clandestinos e legalizados (protocolados) não devem aderir à nova tarifa, mesmo com a publicação de portaria do secretário dos Transportes, Carlos Zarattini, obrigando os lotações a cobrarem a mesma tarifa dos ônibus.

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