
05 de setembro de 2010 | 00h00
As violações de sigilo fiscal dentro da Receita Federal levantaram questionamentos internos no QG de José Serra (PSDB) a respeito do uso eleitoral do caso, principalmente na televisão. Os estrategistas da oposição temem ruídos na comunicação com o eleitorado e são céticos quanto ao efeito positivo na candidatura tucana, apesar de pesquisas qualitativas terem mostrado que a exploração do episódio na TV foi bem recebida.
Ao tomar conhecimento do caso, no começo da semana passada, Serra ficou receoso de que a divulgação do episódio acarretasse exposição excessiva da filha Verônica, segundo relato de aliados. Acabou sendo convencido por integrantes do front político de que o caso deveria ser usado no programa eleitoral.
Desde junho, quando se tornou pública a existência de um grupo de inteligência na campanha de Dilma Rousseff (PT), os tucanos já desconfiavam de uma provável violação do sigilo fiscal de Verônica - blogs ligados ao governo mencionavam informações que só poderiam ter vindo da declaração de Imposto de Renda da filha do candidato.
A certeza veio na terça-feira, quando o vice-presidente executivo do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, conseguiu acesso a volumes adicionais da investigação feita pela Receita sobre a quebra do seu sigilo fiscal. O nome de Verônica apareceu a partir da página de número 500 - os primeiros documentos recebidos pelo tucano tinham 453 páginas.
Ao ser informada na terça-feira sobre a quebra de seu sigilo, Verônica pediu que a investigação não viesse a público. Não adiantou. Horas depois a informação já havia vazado.
No comando da campanha, não há clareza sobre os efeitos que o caso pode ter nas pesquisas. "O problema não é ter mais ou menos votos, mas deixar claro que Dilma é um envelope fechado e que a campanha do PT já tem tradição em dossiês. E, neste caso, em vez de ameaçar os adversários, seria melhor mandar investigar o caso seriamente", disse o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).
A campanha tucana monta grupos de eleitores, das classes C e D, para avaliar a propaganda eleitoral. Nos grupos, os eleitores de Serra ficavam indignados com a violação do sigilo após assistir ao programa eleitoral. Já os eleitores de Dilma que estavam na mesma turma mostravam resistência em acreditar na possibilidade de a candidata do PT estar envolvida no episódio.
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