PSTU divulga nota para negar crise na coligação de Heloísa

Segundo a nota, as diferenças existentes entre o PSOL, PSTU e PCB são naturais e saudáveis, mas não comprometem a unidade da Frente de Esquerda

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Direção Nacional do PSTU reforçou o impasse que opõe ao PSOL por causa do programa de governo da candidata da coligação Frente de Esquerda (PSOL/PSTU/PCB), senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), ao divulgar nota oficial para negar a existência da crise. No texto, os dirigentes da legenda afirmam que a coligação tem "base programática" no Manifesto divulgado em junho, cujas propostas foram descartadas no pré-programa preparado pelo candidato a vice-presidente da chapa, César Benjamin, em agosto. O movimento coloca em risco uma tentativa de acordo entre as duas legendas em torno de algumas propostas consensuais para dar à parlamentar uma plataforma. Questionada esta semana sobre o caso, ela respondeu com ironia, cantando: "Tô nem aí". "A Frente de Esquerda tem uma base programática assumida com o manifesto publicado há mais de um mês. O que a imprensa se recusa a divulgar é que esta é uma alternativa perante as candidaturas de Lula e Alckmin, que têm o mesmo programa neoliberal", diz o texto. "As diferenças existentes entre o PSOL, PSTU e PCB são naturais e saudáveis, porque somos partidos distintos. Essas diferenças não comprometem a unidade da Frente e não diminuem nosso empenho em impulsionar a candidatura de Heloísa Helena." O texto não faz menção ao documento de Benjamin, nem à tentativa capitaneada por alguns integrantes do PSOL, como o deputado federal Chico Alencar (RJ), de chegar a um consenso com o PSTU. Uma possibilidade é lançar um texto genérico, que não entre em detalhes para evitar polêmicas. O impasse impediu que a aliança lançasse o programa em 7 de Setembro, como inicialmente chegou a ser cogitado. Controvérsias Reportagem publicada pelo Estado no último dia 6 revelou que o PSTU vetara o texto que Benjamin tinha elaborado - um documento de mais de 60 páginas, intitulado "Para governar e mudar o Brasil". No documento, de acordo com matéria divulgada esta semana pelo Portal Estadao.com.br, estão listadas propostas como: auditoria na dívida externa, mas sem suspensão de seu pagamento; redução rápida das taxas de juros da dívida interna, sem calote; assentamento de 250 mil famílias por ano; correção do salário mínimo, pela inflação, mais o PIB per capita, mais um fator de aumento, para dobrá-lo no "menor tempo possível"; auditoria nas privatizações, cujos resultados definirão o caminho a seguir em cada caso; revisão dos contratos de concessão de exploração petrolífera com empresas estrangeiras; separação do Orçamento da Seguridade Social do Orçamento Fiscal, sem perda de direitos previdenciários; formação de um eixo com Venezuela e Argentina na política externa. O PSTU, que já contestava que Benjamin fosse "coordenador de programa de governo", considerou o pré-programa do candidato a vice um recuo em relação ao Manifesto da Frente de Esquerda, "Por uma alternativa para o Brasil". Nele, estão listadas propostas mais radicais: auditoria da dívida externa, com suspensão do seu pagamento; auditoria da dívida interna, com a suspensão do pagamento do seu porcentual em poder dos "especuladores e grandes empresas"; assentamento de 4,5 milhões de famílias sem terra; dobrar imediatamente o salário mínimo; revogação das privatizações,; anulação das vendas de ações (que chamam de "privatização parcial") da Petrobrás e dos leilões das reservas de petróleo; revogação das reformas, como a da Previdência; revogação dos mandatos dos eleitos que não cumprirem suas promessas; retirada imediata das negociações da Alca e das tropas brasileiras do Haiti; todo apoio à nacionalização do gás na Bolívia.

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