A primeira reunião do Conselho Político da campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apontou dois pontos principais que deverão ser trabalhados nas próximas três semanas, até o segundo turno: usar os aliados vitoriosos nas campanhas estaduais como representantes do candidato nos Estados e intensificar as comparações entre o que Lula e o seu oponente, o tucano Geraldo Alckmin, tem a oferecer. A linha de ataque também foi definida e estreada pelo ex-ministro Ciro Gomes: tratar de retrocesso a possível eleição de Alckmin e levantar casos mal explicados do governo Fernando Henrique Cardoso. Depois de passar o dia em reuniões com ministros e aliados, o presidente reuniu, à noite, no Palácio da Alvorada, seus principais conselheiros de campanha. Entre eles, o ex-ministro e deputado federal eleito Ciro Gomes (PSB-CE), os presidentes da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador José Sarney (PMDB-AP), o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), além do coordenador da campanha, Marco Aurélio Garcia. O grupo ficou no Alvorada para uma conversa de pouco menos de três horas. O coordenador da campanha reconheceu que o PT falhou ao não ganhar no primeiro turno, uma possibilidade concreta até a última semana, de acordo com as pesquisas eleitorais. Mas afirma que a avaliação do conselho é que o resultado foi excelente para o presidente. "Basicamente, se é certo que falhamos porque não ganhamos no primeiro turno, não é menos certo que tivemos um êxito muito grande. Tivemos uma votação muito expressiva maior que a votação que o presidente Lula teve em 2002. Nos consideramos absolutamente aptos para enfrentar a batalha do 2º. turno", afirmou ao sair da reunião. As falhas a serem corrigidas, de acordo com o coordenador, é intensificar a mobilização para esses 27 dias de campanha que se seguem e colocar nas ruas os candidatos vitoriosos nas disputas estaduais. Garcia confirmou que os governadores eleitos Marcelo Deda (Sergipe) e Jaques Wagner (Bahia), além de Ciro Gomes, devem se reunir ainda esta semana com Lula para definirem seus papéis na campanha. O de Ciro já parece estar definido. Ao sair da reunião, deixou claro que vai ser a linha de frente de ataque à oposição e a defesa do governo. Atacou o governo anterior, disse que há uma "trama de elite para comover a população ou parte dela". "Se a discussão ética tomou o relevo que tomou, vamos tratá-la. Não creio que seja ético se explorar escândalos que merecem severa apuração e punição para manipular consciências. Isso não é ético", afirmou. "Se falhas houve, vamos corrigi-las. Não é razoável que País seja induzido a esquecer que essa gente da coalizão do PSDB e PFL são os recentes responsáveis pelos mais graves escândalos impunes da história republicana brasileira". A linha de ataque é semelhante a usada por Marco Aurélio Garcia. O coordenador da campanha afirmou que, na reunião do Conselho, a maior preocupação dos presentes era "evitar o retrocesso" que seria causado pela eleição de Alckmin. "Sobretudo não vamos permitir a volta do governo da privataria", disse. Uma das decisões do grupo foi a de intensificar as comparações não só entre os governos Lula e FHC, como a de mostrar que Lula fala de projetos concretos, não apenas de idéias. "Ele (Lula) entra no 2º. turno não só com propostas e programas, mas efetivamente com realizações que dão base a esse programa. Não são pedaços de papel que vão ser oferecidos, mas realizações concretas que avalizam as perspectivas para segundo mandato", afirmou.