PT evita análise das contas de Maluf na Câmara

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Por Agencia Estado
Atualização:

Os vereadores da base governista, capitaneados pelo PT, não quiseram discutir e votar hoje as contas do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), referentes ao exercício de 1995, e, no início da noite, conseguiram aprovar o projeto do Executivo que cria 800 cargos na rede pública de saúde. A recusa deve causar um novo desgaste político na bancada. Durante a sessão, aconteceram muitas discussões e acusações por parte da bancada do PSDB, que dizia que o PT estava apoiando Maluf e por isso não queria mais debater o assunto em plenário. O governo se defendeu informando que "não tinha posição sobre a questão". Durante a reunião de líderes, no início desta tarde, ficou acertado que seriam aprovados dois projetos do Executivo. O primeiro, que chegou a ser aprovado, cria 800 cargos na saúde para profissionais que hoje, em sua maioria, trabalham no programa de prevenção da dengue por meio de contratos emergenciais. O segundo projeto instituía distribuição de Gratificação Emergencial da Assiduidade (GEA) para funcionários do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM). Estava tudo acertado. Entretanto, o vereador Milton Leite (PMDB) pediu a inversão da pauta de votação, colocando a votação das contas de Maluf como prioridade do dia. As contas do ex-prefeito tiveram parecer favorável do Tribunal de Contas do Município (TCM) e, agora, cabe à Casa validar ou não esse parecer. Após muita discussão, a inversão foi a votação e a base governista se retirou do plenário. Apenas 14 vereadores, das bancadas do PSDB, PMDB, PCdoB, PSB e PGT votaram favoravelmente à análise das contas malufistas. "Queria saber quem está de fato com Paulo Maluf", disse o vereador Milton Leite, autor do pedido de inversão. Entretanto, quem mais gritou na Casa e se aproveitou do fato foi a bancada do PSDB. "O PT e Maluf estão caminhando juntos e vão caminhando na vida", atacou o vereador tucano Gilberto Natalini. O vereador Ricardo Montoro (PSDB) também acredita em aliança. "O PT não está querendo avaliar as contas do Maluf. Isso é uma aliança macabra do PT com o Maluf." Em uma defesa fraca, o líder do governo, vereador José Mentor, apenas disse que o governo não tinha posição sobre a questão. "E (o governo) não vai interferir nisso. Vou seguir a minha bancada", disse. Questionado se não era uma contradição do PT, que durante a gestão do ex-prefeito Celso Pitta (PSL) criticava as contas de Maluf, Mentor foi vago: "Aí eu não sei." Protesto Apesar de publicamente o partido dizer que está unido, nos bastidores da Câmara se comenta que a base do PT está dividida em, pelo menos, três grupos distintos. De acordo com vereadores ouvidos pelo Estado, 8 parlamentares fazem parte da ala governista, 5 formariam uma ala de oposição e dois estariam flutuando entre um e outro grupo. "Esse grupo flutuante muda diariamente", disse um membro da ala governista. Para Arselino Tatto, líder da bancada PT, não há divisão na bancada. "Nós temos apenas algumas diferenças", afirmou. "Só tivemos problemas na Educação." Cerca de 200 pessoas ligada ao Movimento por Regularização dos Loteamentos da Zona Norte fizeram manifestação em frente à Câmara Municipal. Eles cobravam a aprovação do projeto do Executivo que regulariza áreas nessa região. O projeto, que tramita em regime de urgência na Casa, ainda não tem data para ser votado.

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