PUC-SP decide combater uso de drogas no câmpus de Perdizes

Seguranças receberam treinamento para abordar quem for visto consumindo maconha

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Por Luisa Alcalde e JORNAL DA TARDE
Atualização:

Pela primeira vez na história da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), a reitoria admitiu publicamente o uso de drogas no câmpus de Perdizes, na zona oeste da capital. A universidade decidiu coibir o consumo nas dependências depois de o novo reitor, Dirceu de Mello, defender o "franco enfrentamento do problema" em comunicado interno dirigido a alunos e funcionários. "A PUC não quer ser marcada como um território livre para o uso de drogas. O que é ilegal não pode e pronto. Aqui não é lugar para ficar fumando maconha", afirma o pró-reitor de Cultura e Relações Comunitárias, Hélio Roberto Deliberador. Coube a ele executar o plano de combate a drogas. A ação começou há um mês e meio. A nova determinação chegou ao conhecimento dos cerca de 20 mil alunos de graduação e pós-graduação, professores e funcionários por um e-mail enviado pela reitoria. Os 120 seguranças da Graber, uma prestadora de serviço, receberam treinamento para abordar quem for visto consumindo drogas na unidade. "A ordem é não constranger nem humilhar ninguém", afirma Deliberador. Em média, dez usuários por dia são abordados. Quando percebem alguém fumando maconha, os funcionários pedem que o cigarro seja apagado, alertam que o uso é ilegal e dizem que a universidade não é o espaço adequado para o consumo. Depois, perguntam o nome, a classe e o curso. Caso alguém se recuse a obedecer ou se identificar, os seguranças fazem relatório com descrição física, circunstâncias e atitude da pessoa abordada. Até o momento, seis usuários estão em processo de identificação. Três já foram chamados na reitoria para uma conversa. "Não nos interessa estigmatizar ninguém, porque isso atrapalharia um eventual tratamento", afirma. Deliberador faz questão de deixar claro, entretanto, que a intenção não é punir nem chamar a polícia para prender usuários. A ronda diária feita pelos seguranças aumentou, sobretudo nas áreas internas, onde foi mapeado que havia abertamente o consumo: próximo à quadra de esportes, no pátio da cruz e na "prainha", apelido dado pelos alunos a uma praça central. Os centros acadêmicos ficaram fora da fiscalização. Os seguranças não entram nesses locais porque existe uma espécie de "acordo de cavalheiros" não oficial, segundo alunos. O segundo passo será identificar os usuários reticentes e os dependentes, até o próximo semestre. Esses estudantes serão chamados e encaminhados para acompanhamento socioeducativo com equipe multidisciplinar. Depois, será sugerido tratamento especializado. "Isso se o aluno quiser, porque não podemos impor tratamento para ninguém", explica. Deliberador garante que nenhum aluno será desligado da PUC. OPEN BAR O pró-reitor de Cultura e Relações Comunitárias da PUC também colocou na mira as festas universitárias open bar, em que se paga apenas uma entrada e se bebe à vontade durante a noite. Deliberador quer evitar que os alunos bebam excessivamente e, por isso, chamou para conversas os organizadores dessas festas. "Peço que diminuam a quantidade de álcool oferecido e vendam também comidas e lanches, para que os jovens não bebam de barriga vazia." Ele tem ido a algumas dessas festas para observar o comportamento dos estudantes. "Claro que, quando chego, eles maneiram. Essas festas também fazem parte da sociabilização, da passagem do estudante para a vida adulta. O que queremos é que eles se conscientizem que dá para festejar sem correr riscos", diz Deliberador.

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