PUBLICIDADE

Quadrilha de Andinho funcionava como empresa

Por Agencia Estado
Atualização:

A quadrilha de Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, funcionava como uma empresa, que utilizava inclusive mão-de-obra terceirizada em algumas das etapas do seqüestro. Além de Cristiano Nascimento de Faria, que exercia importante papel na hierarquia do grupo, há vários integrantes do bando identificados pela Delegacia Anti-Seqüestros (Deas) de Campinas ainda em liberdade. Os investigadores da Deas não informam quantos e quem são para não atrapalhar investigações. A cúpula da quadrilha foi praticamente desfeita com a prisão de Andinho e a morte de Valdeci de Souza Moura, o Fiinho. Outros dois importantes cabeças do grupo, Anderson José Bastos, o Anso, e Valmir Conte, o Valmirzinho, foram mortos em confronto com a polícia em Caraguatatuba no final do ano passado. Edmar Bazilato está preso em Hortolândia e Faria, o Cris, permanece foragido. No organograma da quadrilha, Andinho era o "patrão", quem dava as ordens e determinava as ações do grupo. Bazilato era o tesoureiro, cuidava da arrecadação e distribuição do dinheiro. Cris e Fiinho atuavam como gerentes, auxiliavam diretamente Andinho nas ações de seqüestro, desde a abordagem da vítima até o pagamento do resgate. Homens fortes Anso e Valmirzinho eram os homens fortes do bando, os "matadores". Também atuavam na linha de frente do grupo. Há informações de que ambos haviam se desentendido com Andinho e se afastado da quadrilha. O policial Ronaldo Azevedo de Góes Pires era o segurança do seqüestrador e seria o representante da Polícia Militar na intermediação de fugas de membros do bando. A polícia acredita que ele possa ter intermediado a fuga de Cristiano no dia 1º de janeiro deste ano. A quadrilha teria pago US$ 80 mil para que a fuga fosse facilitada. Cris estava no Centro de Detenção Provisória de Hortolândia. Fugiu com mais quatro presos, inclusive outro membro do bando de Andinho, Rubens Pereira da Silva, o Rubão. Bazilato não pôde fugir porque havia sido transferido para uma das três penitenciárias do Complexo de Hortolândia. Cris e Bazilato foram presos um mês antes, em um cativeiro estourado pela polícia em Americana. Andinho chegou a dizer, em uma entrevista a uma emissora de TV, que estava no cativeiro, mas fugiu depois de pagar R$ 150 mil de propina aos policiais. A polícia, no entanto, teria uma fita de um grampo de Andinho na qual ele afirma que não estava no cativeiro na noite da prisão de seus comparsas, em 1º de dezembro do ano passado. De acordo com informações levantadas pelo disque-denúncia de Campinas, Andinho foi visto várias vezes este ano na cidade. No dia 4 de fevereiro, estaria em uma casa noturna chamada Flor de Lis. No dia 8, foi visto em três lugares, andando pelas ruas de Atibaia, na frente de outra casa noturna de Campinas, O Lampião, e no clube da Ponte Preta. O foragido Cristiano Nascimento de Faria, o Cris, tem uma trajetória peculiar. Os arquivos da polícia não registram nenhuma ocorrência contra ele. A polícia de Campinas conhece apenas o inquérito em que é acusado de porte de armas, por conta do flagrante em Americana, quando foi preso junto com Bazilato, que ainda não consta no sistema da polícia. Mas há informações de que ele se envolveu em roubos antes de investir em seqüestros. A trajetória criminal de Cris teve início depois que ele resgatou o irmão, Luciano Nascimento de Faria, o Maluco, da prisão, no 45º Distrito Policial de São Paulo, em 2000. No episódio, um sargento da Polícia Militar foi morto. Maluco era processado por receptção, roubo a carro-forte, tentativa de homicídio, roubo à joalheria e falsificação de documento. Luciano morreu em um confronto com a polícia na Rodovia Santos Dumont, em Campinas, no dia 27 de novembro de 2000. Foi atingido por um tiro disparado por sua própria arma, um fuzil. Estava engatilhando-o, junto ao corpo, quando ele disparou e a bala acertou sua nuca. Maluco integrava a quadrilha de Andinho. Cristiano foi visto "andando" com o seqüestrador antes mesmo do resgate do irmão. Depois que Maluco foi resgatado, Cris passou a fazer parte do bando, como ladrão e seqüestrador. Segundo a polícia, é um bandido perigoso. Outra curiosidade de Cris é que em sua ficha consta a informação de que ele teve sua carteira identidade extraviada, e prestou queixa à polícia. Segundo policiais, sua carteira foi esquecida dentro de um dos carros usados no resgate de Maluco.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.