Quadrilha liberta três irmãos seqüestrados há 53 dias

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Por Agencia Estado
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O seqüestro de Cláudia Reali Ribeiro de Oliveira, de 44 anos, terminou em 26 de março. Mas o drama vivido por ela só acabou nesta segunda-feira, depois de longos 53 dias, com a libertação dos seus três filhos - de 11, 14 e 16 anos. Durante todo esse tempo, Cláudia conviveu com uma "bomba-relógio". Os bandidos libertaram-na com uma missão específica: conseguir o dinheiro do resgate, US$ 3 milhões. Caso contrário, João, de 16 anos, Antônio, de 14, e o caçula, Luís Felipe, de 11, seriam mortos. A ligação de um telefone público pôs fim à angústia da mãe. Os meninos ligaram para os pais - Cláudia e o empresário João Oliveira Ribeiro Bordon, separados há cinco anos. Tinham sido soltos na rodovia dos Imigrantes, que liga São Paulo ao litoral sul. Os três chegaram à casa do namorado de Cláudia, o empresário Alcides Diniz, no Jardim Europa, zona sul de São Paulo, no fim da madrugada. Magros, abatidos, os meninos disseram que foram avisados no domingo que seriam liberados e voltariam para casa. Um médico examinou os três e constatou que estão em boas condições de saúde. Para ter os filhos de volta, Bordon pagou, segundo a polícia, R$ 300 mil e US$ 58 mil. "Vamos aceitar esta mixaria e libertar as crianças. Com o senhor Diniz a gente acerta depois", disse o negociador do bando a Bordon pelo telefone. Desde o início, Alcides Diniz era o verdadeiro alvo dos criminosos. O seqüestro começou quando seis homens armados com fuzis e submetralhadoras invadiram a luxuosa casa de Cláudia, na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, Jardim Paulistano. Pouco antes, os bandidos tinham dominado o motorista de Cláudia, Luiz Pereira de Oliveira, de 54 anos, perto do Parque da Aclimação, zona sul, quando ele ia para o trabalho. Os seis homens puseram o motorista no porta-malas de uma Blazer e seguiram para a casa de Cláudia. Perto da residência, abriram o porta-malas e deixaram Oliveira entrar no carro. Foi o motorista quem pediu a um funcionário da casa que abrisse o portão. Quando o bando invadiu o sobrado, encontrou João, Luís Felipe, cinco empregados e um professor particular. Eram 17h30. Os bandidos ficaram três horas esperando a chegada de Cláudia e de Alcides. Sabiam que o empresário deveria visitar a namorada. Alcides telefonou duas vezes para a residência. Uma empregada atendeu as ligações. Sob ameaças, disse apenas que a patroa estava fora. Cláudia chegou em casa por volta das 20h30, dirigindo sua Zafira. Voltava de um shopping, onde fizera compras, e estava com Antônio, o filho do meio. Cansados de esperar por Alcides, os bandidos decidiram levar Cláudia e os três garotos para o cativeiro. Dividiram-se em dois grupos. Um deles saiu com as vítimas na Zafira e o outro ficou para trás, aguardando o tempo necessário para os comparsas chegarem ao cativeiro. Pouco antes de o segundo grupo sair, o telefone tocou de novo. Era Alcides. Os seqüestradores atenderam e anunciaram que estavam levando a namorada do empresário e os filhos. Cláudia disse à polícia que ela e os três filhos ficaram no mesmo cativeiro, aparentemente um barraco de favela. Quando soube que seria liberada para conseguir o dinheiro do resgate, ela implorou para que os bandidos não fizessem nada com "as crianças". Deu sua palavra de que se empenharia ao máximo para pôr fim àquele "pesadelo". Foi com Alcides que os seqüestradores iniciaram os contatos para o recebimento do resgate. Como a negociação não evoluía, mudaram de tática. Pegaram com as crianças o número do telefone da casa do pai e ligaram para Bordon. Queriam acabar com a situação "o mais rápido possível". Bordon explicou que era impossível conseguir o dinheiro exigido. Depois de vários telefonemas, chegou-se a um acordo sobre o valor. Bordon disse que só entregaria o dinheiro se tivesse prova de vida dos filhos, o que ocorreu no domingo de manhã. O empresário entregou o dinheiro na mesma noite, na pista sentido litoral da Via Anchieta. Cláudia vai poder comemorar o Dia das Mães com os três filhos.

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