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Qualidade do emprego feminino melhora

Por Agencia Estado
Atualização:

A qualidade do emprego feminino na Grande São Paulo melhorou entre 1999 e 2000, segundo uma das pesquisas do boletim Mulher e Trabalho divulgado nesta quinta-feira pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). De acordo com a pesquisa, a participação das mulheres em tarefas de execução, de apoio e de planejamento (0,9%), cresceu respectivamente 4,7%, 2,7% e 0,9% no período. "As mulheres estão em postos melhores, abrindo algumas fronteiras de trabalho tradicionalmente masculinas", destacou a diretora de Análise Sócio-Econômica da Fundação Seade, Felícia Madeira. No entanto, ela observou que o crescimento da taxa de participação feminina no mercado de trabalho ocorreu em ritmo mais lento em 2000, porque o setor que mais empregou neste período foi a indústria, onde prevalece a mão-de-obra masculina. Nos dois últimos anos, a taxa de participação feminina (que representa a relação entre a População Economicamente Ativa e a População em Idade Ativa, ou seja, com 10 anos e mais) no mercado de trabalho, desta mesma região, cresceu apenas 0,7 ponto porcentual, passando de 52% para 52,7%. No mesmo período, a taxa de participação masculina manteve-se inalterada (73,4%), interrompendo a trajetória de declínio observada desde 1997. Houve aumento mais significativo na taxa de participação feminina nas faixas etárias de 18 a 24 anos (3,7%) e acima de 40 anos (0,9%), permanecendo inalterada nos demais segmentos. Já entre os homens, aumentou a participação para aqueles com 25 a 39 anos (0,5%) e 18 a 24 anos (0,2%) e houve redução para os demais. Segundo Madeira, o aumento de emprego feminino na faixa jovem está diretamente relacionado com a exigência de maior qualificação profissional, pois observou-se também que, em 2000, houve crescimento da taxa da participação para as mulheres com ensino médio completo ou com o superior incompleto (1,0%). "Se é aberta uma vaga para faxineira e outra para uma auxiliar de escritório, naturalmente, a primeira será preenchida pela mãe, e a segunda pela filha", exemplificou. Segundo a pesquisa, entre 1999 e 2000, houve aumento do nível educacional das mulheres ocupadas, acompanhando o movimento geral do mercado de trabalho: decréscimo de 2,5% das analfabetas; elevação de 10,1% das que possuíam ensino médio completo; e aumento de 6,2% daquelas com ensino superior completo. A geração de 332.567 postos de trabalho celetistas (regidos de acordo com a Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), totalizando 6.739.722, em 2000, provocou crescimento de 5,2% deste tipo de emprego no Estado de São Paulo, contrariando tendência declinante marcada nos anos 90. Esse aumento expressivo, segundo a análise do Seade, favoreceu um pouco mais as mulheres, (5,4%) do que os homens (5,1%). No entanto, continua a predominância masculina nesse segmento, uma vez que somente 34,5% desses postos eram ocupados por mulheres. "O desempenho favorável da atividade econômica, em 2000, possibilitou a elevação do emprego celetista feminino na Indústria (5,8%) e nos Serviços (5,2%), em proporções um pouco mais elevadas do que as observadas para os homens (4,2% e 4,0%, respectivamente)", destacou Madeira. Segundo ela, o Comércio foi o único setor em que o emprego feminino cresceu em intensidade inferior ao emprego masculino (3,9% e 4,7%, respectivamente). Em 2000, segundo a pesquisa do Seade, o rendimento anual médio dos ocupados da Região Metropolitana de São Paulo diminuiu pelo terceiro ano consecutivo, com maior intensidade para as mulheres, cujo valor médio do rendimento (R$ 652,00) decresceu 8,8% em relação a 1999. Para os homens, a redução foi de 5,6%, passando para R$ 1.047,00. A pesquisa do Seade ainda indica que, se ao gênero se acresce a raça ? expressa na dicotomia negros (negros e pardos) e não-negros (brancos e outras raças)-, fica evidente que apenas o rendimento médio real dos homens não-negros teve redução menor (4,1%) que a média regional (6,6%), sendo de pelo menos o dobro o decréscimo observado para os demais segmentos: 8,9% para mulheres não-negras; 9,3% para mulheres negras e 9,9% para homens negros. "É a primeira vez que o Seade faz estudos nesta linha, sinalizando a discriminação, sobretudo à população negra. Este é um passo importante para a eliminação deste condicionante de desigualdade social", enfatizou Madeira.

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