Quatro anos depois de perder para Lula, Alckmin vê Serra em vantagem

'Não será fácil, mas temos mais chance', diz ele, avaliando que a candidatura presidencial tucana desta vez está mais estruturada

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Por Christiane Samarco e BRASÍLIA
Atualização:

Vai além dos números da última pesquisa Datafolha, que dá 9 pontos de vantagem em favor de José Serra, o otimismo do PSDB. Com a experiência de quem foi derrotado na disputa a presidente, Geraldo Alckmin avalia que a candidatura Serra está muito melhor estruturada do que a dele, em 2006. "Não será eleição fácil, mas temos mais chance", diz. Hoje, o tucanato lista pelo menos meia dúzia de boas razões para sustentar a expectativa positiva com a candidatura presidencial de Serra. E a primeira não há quem conteste. "Desta vez, o mito Lula está fora da disputa", afirma Alckmin, pré-candidato a governador de São Paulo, frisando que o quadro nacional se inverteu, em uma referência ao PT, da ex-ministra Dilma Rousseff: "Agora, a luta para virar é deles." Mais do que livrar o candidato tucano do confronto direto com um presidente recordista em aprovação popular, os tucanos também comemoram o fato de não terem de enfrentar um presidente no exercício do mandato, disputando a reeleição. Dizem que no Brasil, como nos Estados Unidos, a derrota de um presidente candidato é uma espécie de evento de probabilidade zero, embora não impossível. Disputa artificial. Os serristas mais entusiasmados aproveitam para elogiar a teimosia de Serra em não assumir a condição de candidato, que tanto irritou boa parte da cúpula tucana. Dizem que, agindo assim, Serra evitou o que o tucanato paulista chama de "disputa artificial com o mito", guardando forças para brigar com a candidata de carne e osso, Dilma Rousseff. É aí que toda a cúpula do PSDB acredita que está a grande vantagem de Serra, frente à inexperiência da adversária. Afinal, Dilma jamais disputou uma eleição e Serra tem carreira política extensa, além do recall da briga com Lula em 2002 - fora a comparação dos currículos. Enquanto Dilma ocupou uma secretaria de Estado no Rio Grande do Sul, e dois ministérios no governo Lula, Serra contabiliza a boa repercussão de sua passagem pelo Ministério da Saúde, a temporada no Planejamento, a prefeitura e o governo de São Paulo, que investirá R$ 22 bilhões este ano. Limbo. Daqui até junho, quando ocorrem as convenções partidárias que tornam legais as candidaturas, Serra e a petista Dilma amargarão uma espécie de limbo da política, em que a campanha já começou, mas a lei proíbe falar de candidaturas. Que o diga Alckmin, com a autoridade de quem ficou imobilizado, aguardando o início da campanha eleitoral no rádio e na televisão, enquanto Lula desfilava em sua faixa presidencial, inaugurando obras pelo País. A esperança do PSDB é que, depois das duas multas que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aplicou no presidente Lula, por fazer campanha fora de época, o PT e seu presidente de honra sejam mais cuidadosos. Uma das maiores diferenças em favor de Serra, tomando a candidatura Alckmin mais uma vez como referencial, está na montagem das alianças nos Estados. Em 2006, os aliados estavam conflagrados em vários locais, dificultando e até impedindo a presença do candidato. Foi assim na Bahia, onde DEM e PSDB guerreavam a ponto de o deputado serrista, Jutahy Júnior, compor com o PT do governador Jaques Wagner contra o grupo do senador Antonio Carlos Magalhães, morto em 2007. Também havia briga no Rio de Janeiro, em Tocantins, em Goiás e no Rio Grande do Norte, agora pacificados. Capital político. Mas a grande aposta de Alckmin, que pode conferir a Serra um capital político inédito no embate com o PT, é a disposição de luta dos partidos da aliança. "A oposição está com gana de ganhar esta eleição e mais consciente de que agora é a hora da vitória", diz o candidato ao governo paulista. Ele lembra que, mesmo sem estrutura, ainda conseguiu levar Lula ao segundo turno e vencê-lo em 11 Estados e até capitais nordestinas como Maceió e Aracaju. "Com Serra será diferente", sentencia, ao observar que o tucano ainda pode se beneficiar dos erros dos adversários. "E, como eles são muito abusados, a possibilidade de cometerem erros é muito grande."

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