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Quatro crianças morrem no Rio com suspeita de hantavirose

As tocas e as fezes de ratos foram encontradas na cama onde dormiam duas das vítimas

Por Agencia Estado
Atualização:

Quatro crianças de duas famílias vizinhas morreram no período de 33 dias com os mesmos sintomas em Campos, no Norte Fluminense. A Secretaria Municipal da Saúde suspeita que elas tenham sido vítimas de uma doença transmitida por ratos, a hantavirose. As casas das duas famílias, em um bairro da periferia, ficam ao lado de um curral e de um terreno baldio, onde são despejados lixo e esgoto. "Há ratos à luz do dia. Encontramos tocas embaixo da cama de duas das vítimas e fezes de ratos no colchão das crianças. No sábado, uma ratazana foi presa pela vigilância sanitária. Agora, vamos aguardar o resultado dos exames e da necropsia", disse o secretário municipal da Saúde, Rodrigo Quitete. Quatro quarteirões do bairro Parque Santa Rosa estão sob interdição epidemiológica. Parentes e vizinhos foram submetidos a exames de sangue e as vísceras de duas vítimas foram encaminhadas para análise. A ratazana, de 20 centímetros, deverá ser levada nesta segunda-feira para a exames na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). As tocas e as fezes de ratos foram encontradas na cama onde dormiam os irmãos Jéferson de Oliveira da Hora, de 8 anos, e André Luiz Ferreira da Hora, de 4, filhos de Édina Soraya de Oliveira - eles morreram nos dias 18 de junho e 1.º de julho, respectivamente. A primeira vítima foi Carolliny Teixeira, de sete meses, no dia 2 de junho. Na quarta-feira passada, Maria Madalena Teixeira perdeu outro filho, José Vítor Teixeira Pinheiro, de 4 anos. A doença Os sintomas foram os mesmos: febre, insuficiência respiratória, náuseas, tonteiras e vômitos. De acordo com os relatos das famílias, as crianças tiveram parada cardiorrespiratória seguida de morte súbita. Apenas uma chegou a receber atendimento médico. Roedores são os principais vetores da hantavirose, doença mais grave que a leptospirose, também transmitida por ratos. A contaminação pode ocorrer por via respiratória, por meio do pó das fezes, e também pela urina ou por mordidas dos animais. De acordo com o secretário Quitete, a vigilância epidemiológica manterá visitas diárias às casas do bairro para verificar se outras pessoas foram contaminadas. "Separamos os quatro quarteirões, que serão mantidos sob vigilância." Foram instaladas dezenas de ratoeiras e armadilhas para tentar capturar outros animais para análise. Segundo ele, a Secretaria de Limpeza Urbana fez uma operação para retirar entulho e detritos dos terrenos baldios do bairro. Se confirmado, será o primeiro caso de hantavirose na cidade - o resultado deverá sair até o fim da semana, de acordo com o secretário. Os exames serão feitos pelo Laboratório de Virologia da Fiocruz.

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