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Queda de viaduto em Belo Horizonte abre confronto político

Ministra disse que responsabilidade de fiscalização é da prefeitura; para presidente do PSB em Minas, não se pode culpar prefeito

Por Bernardo Caram
Atualização:

BRASÍLIA - O desabamento do viaduto Guararapes em Belo Horizonte, obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prometida para a Copa do Mundo, abriu um confronto político entre o governo federal e a oposição acerca da responsabilidade do episódio. 

Nesta sexta-feira, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, responsável pela coordenação do comitê gestor do PAC, saiu a campo para dizer que a responsabilidade pela fiscalização da obra é da prefeitura da capital mineira, governada por Marcio Lacerda, correligionário do candidato a presidente Eduardo Campos (PSB), adversário da presidente Dilma Rousseff na sucessão presidencial."Nós, aqui de Brasília, não temos condição de saber como foi o desenvolvimento da obra, muito menos sobre as causas que fizeram com que ocorresse essa queda do viaduto", afirmou.

Viaduto que estava em construção na Avenida Pedro I, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, desabou Foto: Clayton de Souza/Estadão

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A ministra ressaltou que a responsabilidade do governo federal é garantir os recursos necessários para a execução da obra. "A elaboração do projeto de engenharia, a licitação, a contratação e a sua fiscalização são tarefas de quem está executando a obra, que no caso é a prefeitura", disse. A ministra ponderou, entretanto, que ainda é cedo para apontar qualquer responsável pela queda.

Na noite após o acidente, Lacerda (PSB) afirmou que houve erro na construção, mas evitou levantar hipóteses sobre responsabilidade do caso. "A obra teve seu projeto acompanhado por nós. O projeto não foi feito pela Prefeitura. Foi feito pela empresa que ganhou uma licitação para isso, um empresa renomada, de muita tradição, de grande porte e de sucesso no mercado", disse.

O presidente do PSB em Minas Gerais, deputado Júlio Delgado, disse que não se pode culpar o prefeito de Belo Horizonte ou o partido. Ele defende que o caso seja apurado para responsabilizar as pessoas certas, sejam autoridades, técnicos da prefeitura ou a empresa contratada. "Responsabilidade, alguém tem que ter. Não adianta todo mundo querer lavar as mãos agora", afirmou.

A fala de Belchior levou o PSDB também a se manifestar, uma vez que o Estado é o reduto eleitoral do senador Aécio Neves (MG), também candidato a presidente contra Dilma. O candidato a vice na sua chapa, senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), disse que a ministra foi precipitada ao frisar que a responsabilidade pela obra é da prefeitura. Ele defende a apuração rigorosa dos fatos antes de qualquer conclusão. "Ela perdeu a oportunidade de ficar quieta", disse.

Ex-aliado do prefeito de Belo Horizonte, o candidato do PT ao governo de Minas, o ex-ministro Fernando Pimentel, evitou fazer avaliações sobre as responsabilidades pelo desabamento do viaduto. O petista foi um dos padrinhos políticos da primeira candidatura de Lacerda ao Executivo municipal, em 2008, ao lado do então governador e atual senador Aécio Neves (PSDB-MG). Na quinta-feira, poupou o ex-aliado de qualquer crítica em relação ao colapso da estrutura. "Imagina! Ninguém pode dizer uma coisa dessas. Não existe nem investigação aberta", declarou o candidato, ao ser perguntado se acreditava na responsabilidade da administração de Lacerda pelo acidente.

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O viaduto, que faz parte do projeto de implantação do BRT (Bus Rapid Transit) na Avenida Pedro I, um dos acessos ao estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, estava entre as obras planejadas para a Copa do Mundo, mas não ficou pronto a tempo. A inauguração da alça que desabou era prevista para as próximas semanas, depois do fim do campeonato. No acidente, duas pessoas morreram e 22 ficaram feridas. A assessoria de imprensa da prefeitura de Belo Horizonte informou que Márcio Lacerda não iria se manifestar sobre a fala de Miriam Belchior e emitirá nota sobre o acidente apenas após a conclusão da perícia./COLABOROU MARCELO PORTELA 

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