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Quer dica de moda? Vá ao camelô

Ambulantes bem informados orientam compradores sobre as tendências nas Ruas José Paulino e 25 de Março

Por Valéria França
Atualização:

Os principais pontos de comércio da chamada fast-moda - aquela que é rapidamente copiada e se espalha pelas vitrines mais populares de ruas como José Paulino e 25 de Março, no centro de São Paulo - criaram um outro tipo de camelô. É o camelô-consultor que, bem informado, sabe das últimas tendências da moda, como cor, formas e estampas. Também está sempre atualizado quanto às peças que mais fazem sucesso no guarda-roupa de famosos. O óculos Tom Ford, em forma de oito, usado pela atriz Claudia Raia na novela A Favorita, por exemplo, virou um ícone fashion nas bancas dos ambulantes, seguido pelo Prada, com que Gisele Bündchen já foi fotografada. Com um comércio informal mais direcionado à confecção, a Rua José Paulino surpreende com camelôs, às vezes, superespecializados. É o caso de Bianca Vismara, de 19 anos, estudante de Moda da Universidade Paulista (Unip). Na banca com licença, ela vende por dia cerca de 500 tops, todos estruturados e com grande variedade de padronagens. Tem listado, floral, liso e forrado de paetê. Além de vender, ela tem de dar uma série de explicações a clientes inseguras quanto à maneira de usar o artigo adquirido. "Elas ficam na dúvida se a peça deve ser usada como lingerie ou como biquíni. Digo que dá para usar das duas maneiras." Bianca explica que o top listado vermelho e branco fica ótimo na praia, como biquíni mesmo, com uma calcinha lisa, que tenha uma das cores da estampa do sutiã. "Você veste uma camiseta de gola canoa por cima, um short e um chapéu. Fica super na moda."Já o de paetê, segundo ela, é ideal para a noite. "Acho legal com um vestido preto, mais decotado, onde o top apareça como um detalhe." Os tops com estampa de oncinha, Bianca só indica para as clientes com estilo mais extravagante. "Mas dá para usá-lo de dia. É só contrabalançar com peças mais básicas, tipo uma camiseta canoa preta, calça jeans e um sapato boneca de salto." SEM LICENÇA "O camelô é o último a dar palpite", diz Pedro Esteves (seu nome foi trocado), de 45 anos, ambulante sem licença, especializado em óculos. "Ele leva o que quiser, mas tem cliente que chega aqui perguntando o que está na moda. Daí, mostro os últimos lançamentos", diz ele. "Tenho um modelo fashion-retrô para as mulheres mais extravagantes." Baiano, de 45 anos, Esteves mora na cidade há 25 anos, mas foi em 2006 que virou camelô. Onde ele aprende sobre as tendências? "Fico de olho nas novelas e principalmente em revistas de gente famosa", diz Jorge Salgado, de 26 anos, que fica do outro lado da rua, e, apesar de ser concorrente, vende maior variedade de modelos masculinos que o colega Esteves. "Os camelôs são muito rápidos. Assim que um modelo é lançado na loja, eles já têm um igualzinho na banca", diz a cabeleireira Deusira Cândida da Silveira, de 37 anos. "Cansei de pagar caro por um óculos. E os camelôs ainda dão umas dicas boas." Esteves, por exemplo, avisa que óculos grandes estão na última moda, mas não caem bem num rosto redondo. "Já o oval é universal. Fica bem com tudo", diz. E se a cliente pede uma mercadoria caída? "Eu vendo. É problema dela", diz Geraldo Nunes da Silva, de 27 anos, instalado todos os dias na altura do número 800 da Rua 25 de Março. "Mas se a freguesa pergunta se fica bom, eu não minto. Digo que não fica e mostro o que tem de melhor." Silva vende faixas de cetim, entre outros apetrechos para o cabelo. "Sou bom nisso", admite. Suas clientes costumam levar o que ele indica. "Até em casa, na hora de sair, dou palpites na roupa da minha mulher, que erra quando não me ouve. Imagine, ela não acredita quando digo que certos tipos de calça engordam e até mesmo envelhecem!"

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