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Questões de São Paulo dominam confronto

No segundo debate entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), os presidenciáveis deixaram de lado temas como aborto e religião, mas tiveram que se explicar sobre as suas relações com Erenice Guerra e Paulo Preto, suspeitos de irregularidades

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Por Redação
Atualização:

No segundo debate entre os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) desde o primeiro turno, os candidatos deixaram de lado temas como aborto e religião e colocaram São Paulo no centro das discussões.A petista e o tucano debateram a educação no Estado, políticas para o tratamento de drogados e até iniciativas do governo paulista relacionadas à compra de uma distribuidora de gás pela Petrobrás.Os dois também tiveram de dar explicações sobre pessoas próximas suspeitas de irregularidades - Erenice Guerra, no caso de Dilma, e Paulo Vieira de Souza, no caso de Serra.A empresa que provocou controvérsia é a Gas Brasiliano, que distribui gás no interior de São Paulo. Dilma acusou o governo paulista de tentar impedir que a Petrobrás compre a distribuidora da multinacional italiana ENI.Segundo a candidata do PT, que atribui ao adversário a intenção de privatizar a Petrobrás e o pré-sal, o governo de São Paulo tem feito gestões para impedir que o Cade, órgão regulador do Ministério da Justiça, dê aval ao acordo fechado em maio entre a estatal brasileira e a ENI. Isso, de acordo com Dilma, favoreceria uma empresa japonesa concorrente da Petrobrás."A campanha da Dilma mente o tempo todo sobre minha posição em relação à Petrobrás", disse Serra. "Nas vésperas da eleição sempre vem o PT e coloca a privatização no centro das questões por uma questão puramente eleitoral." O tucano afirmou que pretende "estatizar" empresas públicas que, hoje, estariam servindo a "fins privados, de um partido ou de uma turma".Serra acusou o governo federal de ter promovido um loteamento político na Petrobrás e em empresas ligadas a ela. Insinuou que até o ex-presidente Fernando Collor teria influência na estatal. O tucano também citou os Correios como exemplo de empresa em que vigora a lógica do rateio político. "Os correios são constantemente degradados pelo fisiologismo pela roubalheira e pela corrupção."O candidato do PSDB disse ainda que as ações da Petrobrás subiram por causa de sua boa colocação nas pesquisas eleitorais no segundo turno. Desde o primeiro turno, porém, as ações ordinárias e preferenciais da estatal caíram 4% e 6%, respectivamente.São Paulo voltou ao centro do debate quando Dilma questionou Serra por supostos resultados fracos da rede pública estadual de ensino. O tucano afirmou que exames de avaliação feitos pelo próprio governo federal mostram que o Estado foi um dos que mais avançaram na educação pública. Na tréplica, a petista disse que as boas notas de São Paulo se deviam à metodologia do exame, que dá peso alto à aprovação dos alunos. "Aqui há aprovação automática", observou.Ao falar sobre a questão das drogas, a candidata petista afirmou que, com as 300 vagas abertas pelo governo paulista para o tratamento de viciados, levaria "um século" para atender os 300 mil drogados no Estado.Serra acusou a adversária de "falar mal de São Paulo", repetindo uma estratégia que, segundo ele, teria provocado seguidas derrotas do PT em disputas pelo governo contra o PSDB.Em resposta, Dilma chamou o tucano de "pretensioso" por buscar equipar críticas ao governo estadual a ataques ao "povo paulista". Serra ironizou a insistência da adversária em abordar temas locais. "Parece até candidata ao governo de São Paulo."Verde. Além do aborto - um dos principais motivos de confronto no debate anterior, realizado uma semana antes -, o tema ambiental esteve ausente nas discussões.Marina Silva (PV), que ontem declarou neutralidade no segundo turno, acusou os dois candidatos de ignorar "o tema da sustentabilidade". "Ao fim, Serra nem tangenciou a questão ambiental. Dilma, ao menos, reafirmou o compromisso firmado pelo governo com as metas de Copenhague", disse ela, pelo Twitter, ao se referir ao combate ao aquecimento global.Questionada sobre o fato de ter convivido com Erenice Guerra e alegar desconhecimento sobre irregularidades que ela teria cometido na Casa Civil, Dilma afirmou que sua ex-auxiliar "errou". "As pessoas erram e a Erenice errou. Quero deixar claro que considero a situação com muita indignação. "Não concordo com a contratação de parentes e amigos, combato o nepotismo e tráfico de influência."Serra foi questionado sobre Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, que teria sido acusado por tucanos de desviar recursos de doações para a campanha do PSDB. Em um primeiro momento, o tucano negou conhecê-lo, mas depois saiu em sua defesa. "Não o conhecia como Paulo Preto, um apelido preconceituoso e racista. Nunca soube desse problema, nunca soube disso (do suposto desvio de recursos da campanha)", afirmou o candidato. ConfrontoDILMA ROUSSEFFCANDIDATA DO PT"As pessoas erram e Erenice errou. Tenho um compromisso em combater o nepotismo e todo o tráfico de influência""Considero que o grande desafio é a educação. Por que em 16 anos de governo em São Paulo vocês acumularam recordes negativos?""Nós recuperamos as estradas que recebemos sucateadas do governo FHC"JOSÉ SERRACANDIDATO DO PSDB"Eu não disse que o conhecia. Uma jornalista me perguntou se eu conhecia Paulo Preto e eu não o conhecia por esse nome""Eu não vou acabar com o Enem. O Enem morreu no seu governo. Em São Paulo, nós criamos nossos exames para provar a melhora na qualidade""Eu tenho o apoio de dois ex-presidentes. Ela tem o apoio de Collor e Sarney"ALTOSO debate foi menos agressivo que o do domingo anterior. Os candidatos evitaram ataques pessoais e buscaram explorar temas de campanhaDilma estava mais segura e Serra, mais tranquiloAs perguntas de jornalistas expuseram pontos fracos de cada candidato, obrigando Dilma e Serra a apresentar explicaçõesE BAIXOSOs dois candidatos recorreram às mesmas frases de efeito e expressões usadas no debate anterior, o que soou repetitivo e forçadoDilma teve dificuldade de se expressar ao formular algumas perguntasSerra evitou responder algumas questões espinhosas, usando o tempo para falar genericamente ou voltando a tema discutido no bloco anterior

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