Quintal depõe, mas não dá nomes

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Por Agencia Estado
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O secretário de Segurança Pública do RJ, coronel Josias Quintal, depôs nesta quarta-feira durante quase cinco horas na Assembléia Legislativa do Estado. Mas não disse quem são os empresários, políticos e policiais que estariam envolvidos com o narcotráfico, segundo teria lhe revelado, ainda na Colômbia, o traficante Luiz Fernando da Costa, o "Fernandinho Beira-Mar", preso no dia 21 de abril. Quintal disse que a denúncia havia sido feita por um criminoso e, por isso, era necessário primeiro investigá-la para depois falar em nomes. "Caberá ao Ministério Público investigar as denúncias feitas por Beira-Mar", afirmou. O secretário negou que os deputados federais Laura Carneiro (PFL) e Wanderley Martins (PDT) tenham sido citados pelo traficante, como informou a revista IstoÉ em sua última edição. "Eu posso garantir que eles não estão envolvidos com isso", disse. O depoimento de Josias Quintal decepcionou os deputados. "Isso é um circo. Todo mundo sabe quem são essas pessoas. O próprio Beira-Mar já havia falado delas para a CPI do Narcotráfico no ano passado", criticou o deputado Hélio Luz (PT), que deixou o plenário antes do fim do depoimento. Luz preferiu não citar nominalmente os supostos envolvidos com o narcotráfico. "Fazendo denúncias de modo genérico, o secretário não só perde a sua autoridade como pessoa pública como também levanta suspeitas sobre instituições e pessoas", disse Paulo Ramos, líder do PDT. Questionado por Ramos sobre os gastos com a sua viagem para Bogotá, Quintal também foi evasivo. Disse que o avião, da Líder Táxi Aéreo, havia sido fretado pelo governo do Estado. "O que podemos dizer é que ficamos em dupla no hotel, tipo homem com homem, para economizar", contou, provocando risadas no plenário. Acompanhado pelo delegado Fernando Morais, o major Rogério Seabra e o secretário de Comunicação do Estado, Carlos Henrique Vasconcelos, Quintal ficou quatro dias em Bogotá. Somente com hospedagem, o grupo gastou US$ 1.700 dólares. Com o secretário viajaram ainda quatro jornalistas. No depoimento aos deputados, o secretário de Segurança evitou criticar a Polícia Federal, mas disse que o mérito pela prisão de Beira-Mar, feita pelo Exército colombiano, foi quase todo da polícia carioca. "Fomos nós que demos todas as informações para eles. Quando estivemos em Bogotá, em outubro do ano passado, a polícia colombiana sabia vagamente da existência de Beira-Mar", disse Quintal, que fez um apelo para que o traficante seja transferido para o Rio, onde, segundo ele, tem maior número de condenações na Justiça.

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