Rapaz que matou avó estava em surto

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Por Agencia Estado
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O estudante Gustavo de Macedo Pereira Napolitano, de 22 anos, que degolou a avó e a empregada da casa após consumir cocaína, disse aos policiais que nem sua mãe escaparia se estivesse em casa. "Ele estava em surto", afirmou nesta segunda-feira o delegado Luiz Antônio Pinheiro, do Grupo de Operações Especiais (GOE), o primeiro a ouvir a confissão do rapaz. Nesta segunda, a polícia apresentou o estudante em uma entrevista coletiva. Com uma forte crise de abstinência, Gustavo chorava compulsivamente. O crime ocorreu num sobrado de classe média, na Alameda dos Maruás, no Planalto Paulista, zona sul de São Paulo. Gustavo cheirou cocaína (que ele havia trocado por um aparelho de som e uma televisão na Favela Mauro) e por volta da 1 hora deste domingo degolou a avó Vera Kuhn Pereira, de 73 anos, que dormia. Vera, que recebeu ainda duas estocadas no peito, se locomovia com dificuldades e usava cadeira de rodas. O rapaz retornou à favela e trocou seu carro, um Gol, por mais 55 papelotes da droga. Cheirou um total de 26 porções e acabou esfaqueando, por volta das 7 horas, a empregada Cleide Ferreira da Silva, de 20 anos, que tinha acabado de pôr a mesa para o café. O estudante voltou à favela para trocar outro carro, um Vectra, por um revólver, pois pretendia se matar. Gustavo disse que, quando cheirava, sentia vontade de matar todos à sua volta. O corpo de Vera foi enterrado nesta segunda no Cemitério do Morumbi. Cleide será sepultada no interior de Minas. O delegado titular da Seccional Sul, Olavo Reino Francisco, apresentou a faca usada pelo rapaz e uma espada que também pode ter sido usada, pois estava suja de sangue - Gustavo é praticante de artes marciais e musculação e tem uma coleção de espadas. "As famílias nunca entendem que um filho viciado em drogas possa agir dessa forma", disse o delegado seccional, que defende mudanças na legislação para que pessoas como Gustavo sejam internadas. "Essas pessoas não são sãs, não têm condições de conviver conosco", completou. O advogado Eduardo Cesar Leite, que acompanhava o rapaz e disse ter "uma ligação" com ele, criticou a polícia: "Ele não pode ser exibido como um troféu." Gustavo é viciado em cocaína há seis anos. Havia um ano e meio passava por tratamento. O rapaz tomava antidepressivos e calmantes, cuja mistura com a cocaína pode ter contribuído para uma reação tão violenta. "Isso pode acontecer com qualquer usuário de drogas", disse o delegado titular do 27º Distrito Policial, no Campo Belo, Enjolras Rello de Araújo, onde Gustavo foi autuado em flagrante por duplo homicídio e tráfico (por causa da grande quantidade de droga que portava). O traficante Adriano Campelo da Silva foi preso, mas disse que deu apenas "leite" para o rapaz. Na tarde desta segunda, Gustavo foi levado para o auditório da Seccional Sul, onde estavam os jornalistas. Com o rosto coberto, não respondeu a nenhuma pergunta. Mas uma delas fez com que o rapaz - que estudava Direito e tinha sido aprovado recentemente no vestibular para Educação Física - começasse a chorar compulsivamente: "Você precisa de ajuda?"

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