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Ratinho nega participação em assassinato de Tim Lopes

Por Agencia Estado
Atualização:

O traficante Renato Souza de Paula, o Ratinho, de 31 anos, um dos acusados de assassinar o jornalista Tim Lopes, negou que tenha participado do crime. Ele foi preso na manhã desta segunda-feira, em sua casa, na Grota, uma das favelas do Complexo do Alemão. Ratinho foi surpreendido quando assistia a um filme pornográfico com a namorada e uma amiga dela. O traficante, que aparece manuseando um fuzil na matéria Feirão das Drogas, produzida por Lopes, desta vez estava desarmado. Ele não reagiu a prisão. "Ele estava completamente desarmado, inclusive espiritualmente", brincou o secretário de segurança, Roberto Aguiar. Apesar de ter sido preso em casa, na área do 16.º Batalhão (Olaria, zona norte), foi preciso que policiais militares de Mesquita, na Baixada Fluminense, descobrissem o paradeiro de Ratinho. "Recebemos a informação de que ele tinha uma amante em Nilópolis, que costumava visitar uma vez por semana. Começamos a mapeá-lo a partir daí", afirmou o coronel Francisco Dósio, comandante do 20.º BPM. Quarenta policiais, dos dois batalhões, participaram da prisão de Ratinho. Eles cercaram o alto do morro da Grota e as entradas da favela, mas não houve reação do tráfico. "Ele foi preso da forma mais adequada: dentro de casa, desarmado, sem reagir e sem levar risco a inocentes", comemorou o chefe de Polícia Civil, Zaqueu Teixeira. Recentemente, dois suspeitos da morte do jornalista morreram - André Capeta, que teria se matado, e Boi, que morreu em confronto com a polícia. Segundo Teixeira, Ratinho é gerente-geral do tráfico no Complexo do Alemão, teve participação na captura de Tim Lopes e o encaminhou até a Pedra do Sapo, na Grota, onde o jornalista foi morto. O traficante, no entanto, alega que estava na casa da filha, fora do Complexo do Alemão. Por orientação do advogado dele, Paulo Cuzzuol, Ratinho se negou a prestar depoimento hoje. Zaqueu Teixeira esperava que ele desse detalhes sobre a morte de Lopes e informasse o paradeiro de Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, único dos nove indiciados na morte de Tim Lopes que está foragido. Cinco foram presos antes de Ratinho. A polícia ainda não tem informações sobre os crimes cometidos por Ratinho. Ele já se apresentou à polícia com pelo menos quatro nomes. Hoje, Ratinho era Cláudio Orlando do Nascimento. Ele tentou evitar ser fotografado. Escondeu a cabeça em alguns momentos e chegou a se jogar no chão. Ratinho foi preso em outubro do ano passado, depois que a matéria Feirão das Drogas foi ao ar no Jornal Nacional. Ele fugiu 20 dias mais tarde pela porta da frente da Casa de Custódia Jorge Santana, no complexo penitenciário de Bangu. O secretário de Segurança vai enviá-lo, dessa vez, para o presídio de segurança máxima, Bangu 1. Dois policiais do Batalhão de São Gonçalo que teriam atuado como segurança de Elias Maluco prestaram depoimento hoje e negaram o envolvimento com o traficante. Os PMs teriam sido denunciados por um adolescente que trabalhava para o bando de Maluco, mas o depoimento dele foi colocado em dúvida pelo comandante-geral da PM, coronel Francisco Braz. "Agora esse garoto está dizendo que é apenas vizinho dos policiais", afirmou.

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