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Rave sertaneja vira moda no interior

Bem comportadas, baladas caipiras já atraíram 24 mil jovens em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná

Por Chico Siqueira
Atualização:

Um novo tipo de festa começa a virar moda em cidades de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul: as raves sertanejas. Bem diferentes dos encontros clandestinos embalados por música eletrônica e drogas sintéticas, as festas caipiras são bem-comportadas, com shows ao vivo e casais vestidos de jeans justos e botas, que dançam agarrados ao som de Chitãozinho e Xororó, Bruno e Marrone e outros ídolos da música sertaneja. Só no segundo semestre deste ano, 24 mil jovens participaram de cinco festas desse tipo, realizadas em Piraquara (PR), Maracaju (MS), Pradópolis (SP) e Araçatuba (SP). Outras estão marcadas em Andradina (SP), Três Lagoas (MS) e até mesmo em Balneário Camboriú (SC), capital da música eletrônica no País durante o verão. A última rave sertaneja,em Araçatuba, reuniu 3 mil pessoas na semana passada. Após 12 horas de festa, nenhuma ocorrência de uso de droga sintética foi registrada - apenas dois casos de abuso de álcool. "Esse público só consome muita cerveja, tem mais de 22 anos e quase sempre vem acompanhado dos parceiros", diz João Luiz Cassolato, um dos organizadores do evento. No lugar do Goa-trance, psy-trance e do techno, os ritmos que dominam são o vanerão, o forró, o country e a balada sertaneja. Freqüentadoras assíduas de shows sertanejos, a secretária Cristina Pelozi, de 24 anos, e a universitária Bruna Alves, de 23, afirmam ter gostado da novidade. "Adoramos essa overdose de música de raízes, cansamos de dançar e ainda conseguimos arranjar namorados", dizem, apontando para dois rapazes de chapéu. PATENTE As festas deram tão certo que os organizadores vão patentear a marca "Rave Sertaneja" para se tornar um negócio. "O objetivo é lançar produtos com a marca", adianta o empresário paranaense Ugo Zambon, que promoveu a primeira grande rave sertaneja no País em 1º de agosto, reunindo 8 mil pessoas numa fazenda em Piraquara, região metropolitana de Curitiba. Para fazer a festa, Zambon usou a estrutura de uma rave tradicional, realizada uma semana antes. Na segunda vez, em 28 de outubro, os organizadores reuniram 11 mil pessoas na mesma fazenda. A estrutura montada contou com uma tenda de música eletrônica para 2,5 mil pessoas e um parque temático com rodeio, touro mecânico, passeios a cavalo, centros de alimentação e jogos eletrônicos. Mas, para organizar os eventos, os empresários precisam convencer os patrocinadores de que as raves sertanejas, apesar do nome, não estão ligadas às festas com consumo de droga sintética. "As notícias sobre raves sempre estão relacionadas com tráfico e uso de drogas", afirmou Zambon. Para o empresário, porém, quem se droga nessas festas sertanejas "acaba ficando deslocado, porque a maioria não compartilha com isso". "Quando me disseram que era uma rave, fiquei meio reticente, mas depois que me explicaram qual era o público, fiquei tranqüila e aluguei o espaço", disse Juliana Moraes, dona da chácara Bella Vista, onde foi realizada a rave de Araçatuba.

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