Reale descarta "polícia violenta" contra o crime

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Por Agencia Estado
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O ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior, descartou a possibilidade de ampliar o poder de fogo das polícias para combater o aumento da violência nos grandes centros urbanos. "Polícia violenta gera mais violência, gera o medo e gera o aumento da morte de inocentes", disse o ministro. Na avaliação de Reale Jr., a violência no Brasil está "historicamente ligada" ao uso do poder. "O uso do poder exige moderação. Uma polícia violenta aumenta a ocorrência de chacinas, e não é esta a alternativa para reduzir a violência no País", afirmou ele. As estatísticas, segundo Reale Júnior, mostram que a polícia brasileira não está equipada para combater a pequena criminalidade, ?moto gerador? da expansão da violência. "Setenta por cento das ocorrências que deságuam nas delegacias não podem ser qualificadas como crimes, sequer contravenções penais, mas questões de assistência social", disse o ministro. De acordo com ele, as delegacias não têm vocação e nem estão preparadas para resolver estes conflitos. "E estas questões não atendidas se transformam, no dia seguinte, em crimes violentos", disse. O ministro defendeu uma reestruturação da polícia, que deve estar "integrada à comunidade" como parte de uma ação conjunta da sociedade e do Estado para combater a violência. "A criminalidade assume o poder paralelo onde o Estado deixou de agir". O ministro citou o exemplo do Jardim Ângela (zona sul da capital) como exemplo da possibilidade de reduzir a criminalidade por meio de ações sociais. "A região, há pouco mais de três anos, era a mais violenta de São Paulo e hoje já é a décima do ranking", lembrou ele. A queda nos índices de violência foram atribuídas por ele à ação das igrejas e das mais de duas centenas de organizações não governamentais (ONGs) que atuam na região. "Oferecendo escola, lazer, esportes e solidariedade social, os jovens foram rapidamente afastados da criminalidade e a violência caiu vertiginosamente", argumentou. Reale Júnior participou, na tarde de hoje, do Mutirão da Violência - uma série de eventos que ocorre desde as primeiras horas da manhã, para discutir a violência -, promovido pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. O deputado federal José Genoíno, candidato do PT ao governo do Estado, afirmou que além das medidas específicas de segurança, "já discutidas no programa de segurança do partido", o Brasil precisa combater a lavagem de dinheiro e a estrutura legal do crime organizado para reduzir a violência. "O crime organizado se incrusta na estrutura de poder e no sistema financeiro. É preciso medidas efetivas, como a mudança na legislação do sigilo fiscal, para combatê-lo", defendeu o deputado.

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