Rebelados de Bangu 3 liberam apenas quatro reféns

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Por Agencia Estado
Atualização:

Presos rebelados no presídio de segurança máxima Bangu 3, na zona oeste, liberaram, ao longo do dia de hoje, apenas quatro reféns dos 42 que estão em poder deles desde a manhã de terça-feira, quando se amotinaram após uma tentativa de fuga frustrada. Foram libertados uma mulher grávida, uma médica e dois agentes. Um preso deixou o presídio numa ambulância, subindo para sete o número de feridos na mais longa rebelião do ano - o protesto já dura mais de 30 horas. Ontem, um agente morreu baleado. Presos e reféns passaram o dia trancados na sala do diretor sem luz ou água, cortadas desde o dia anterior, por ordem do secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos. Segundo a médica libertada, que se identificou apenas como Alessandra, alguns reféns já apresentavam sinais de desidratação. ?Não vamos suportar mais uma noite aqui?, disse ela aos repórteres por telefone, pela manhã. Por causa do corte de enregia, os bloqueadores de celular deixaram de funcionar. De acordo com Francisco Rodrigues Rosa, ex-presidente do Sindicato dos Agentes, os reféns servem de escudo humano para proteger os presos. Ele disse ainda que os detentos espancaram os agentes. Rosa acusou o governo do Estado pela falta de segurança dos guardas penitenciários. ?O colega que morreu estaria vivo se estivesse com colete à prova de balas.? A médica liberada não confirmou os maus- tratos aos agentes. Do lado de fora do complexo penitenciário, parentes de reféns e de presos passaram o dia sem nenhuma informação do governo. Muitas mulheres se desesperaram quando, às 13h40, 12 carros do Serviço de Operações Especiais do Sistema Penitenciário entraram no complexo. Minutos depois, tiros foram ouvidos. Na entrada, os agentes enfrentaram a hostilidade dos parentes dos presos que vaiaram o comboio. Um dos guardas trazia a bandeira do Brasil presa à janela. Outro apontou uma pistola para a mulher de um preso. Quando os tiros foram ouvidos, houve pânico. Depois dos disparos, as mulheres dos presos se deitaram no chão em frente à cancela do complexo, impedindo o tráfego. Elas foram contidas por policiais militares montados a cavalo e com cães. Uma das mulheres, com duas crianças pequenas, disse que elas são obrigadas a ficar na porta do presídio, enquanto durar a rebelião. ?Se a gente não vem, eles (traficantes soltos) acham que estamos fechados com os PMs ou com o Terceiro Comando (facção criminosa).? Por volta das 16h, a médica Alessandra foi liberada e distribuiu uma carta dos presos, pedindo o fim dos maus-tratos. Ela tranqüilizou parentes de reféns, dizendo que todos estavam sendo bem tratados. Segundo Alessandra, há dois ou três presos feridos. Para ler mais sobre a rebelião em Bangu 3: » Tensão cresce em Bangu. Reféns entram em desespero. » Situação em Bangu 3 é insuportável, dizem refém, pelo celular » Retomadas as negociações em Bangu 3 » Governo do Rio suspende negociações com presos de Bangu 3 » Presos não conseguirão fugir, diz secretário » Operadoras prometem bloquear celulares na área de Bangu

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