Reforma do Judiciário é essencial para segurança, diz Bastos

O novo ministro da Justiça defende um completa reestruturação da Polícia Federal, para que se transforme no ?FBI brasileiro?; não acredita que o Exército tenha vocação e treinamento para combater a criminalidade urbana; e diz que já conversou com o ministro da Defesa para tratar de um trabalho conjunto no policiamento das fronteiras.

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Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, reafirmou hoje, em entrevista ao Bom Dia Brasil, da TV Globo, que a reforma do Judiciário, meta número um de sua gestão, será fundamental para a segurança pública. "A reforma do Judiciário é fundamental para tudo. É fundamental para trazer as populações majoritárias para dentro da Justiça, para ajudar na segurança, porque só a certeza de uma resposta rápida intimida a criminalidade e ela é fundamental para que tenhamos um Brasil moderno. O custo Brasil tem muito a ver com a demora da Justiça. É preciso uma reforma de base, radical, de modo que tenhamos um Poder Judiciário democratizado, com uma Justiça rápida, mais próxima do povo e mais capaz de compreender e decidir rapidamente os novos e complexos problemas de uma sociedade brasileira, que tem problemas econômicos, de segurança e de acesso às populações excluídas", afirmou. FBI brasileiro O ministro defendeu a reestruturação da Polícia Federal para que seja um "FBI brasileiro". Para isso, disse que o delegado Paulo Lacerda "que já decifrou e desvendou casos importantes", terá carta branca para reorganizar a PF. Para o novo ministro é mais importante modificar o Poder Judiciário e reequipar a polícia do que mexer na Lei penal. Segundo ele, num levantamento feito recentemente foi constatado que em um processo de homicídio que durou dez anos, sete anos foram desperdiçados por erros cometidos durante o andamento do processo, como o esquecimento do escrivão. "Então, essa reforma da estrutura do Poder Judiciário a mim me parece mais prioritária do que a reforma dos códigos que também é importante", afirmou. Sem Exército nas ruas O ministro da Justiça disse também não acreditar que o Exército tenha vocação e treinamento para combater a criminalidade urbana, que é o que deseja a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro. "Essa experiencia não deu certo outras vezes e nós imaginamos que não vai dar certo se for tentada de novo", afirmou o ministro, que defende outras formas de combate ao crime organizado como as forças tarefa, e os serviços de informação e inteligência. O ministro da Justiça informou que o papel dos estados será reforçado no combate ao crime organizado. "A primeira frente de combate contra o crime organizado é a frente estadual", disse o ministro. Segundo ele, caberá ao ministério e à Secretaria Nacional de Segurança induzir os estados, estimulá-los e ajudá-los nos procedimentos. "E é isso que nós vamos fazer nessa luta, sem quartel, que ao lado da reforma do Poder Judiciário se constitui na primeira prioridade da nossa pasta", disse. Márcio Thomaz Bastos disse que já conversou com o ministro da Defesa, José Viegas, para um trabalho conjunto no policiamento das fronteiras. Ele admite que o seu ministério dispõe de poucos recursos para executar o que deseja. "Estamos vivendo num reino de escassez e vamos ter que trabalhar dentro disso", afirmou. Ele acredita que a integração de todos os serviços numa diretoria de crime organizado possa diminuir o desperdício e aumentar a eficiência.

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