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Relatora da ONU diz que policiais promovem "matança"

Ela se emocionou ao ouvir relatos de mães que tiveram filhos mortos pela polícia

Por Agencia Estado
Atualização:

O País vai tão mal em relação aos assassinatos cometidos por policiais que a relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para Execuções Sumárias, Arbitrárias e Extrajudiciais, Asma Jahangir, recusou-se hoje a comparar a situação do País com o cenário internacional. ?Acho que vocês não iam querer comparar o Brasil com outros países?, disse. ?No Congo é uma guerra. O Brasil é uma democracia. Mas vejo aqui um quadro miserável, triste, onde não há Justiça. Há matança?, afirmou. A declaração foi feita depois da relatora ter passado mais de quatro horas em visita às favelas do Borel e do Jacarezinho, onde ouviu cerca de 20 depoimentos de mães e outros parentes de vítimas de várias comunidades pobres do Rio. ?O número de vidas que foram ceifadas é muito grande. Foram três ou quatro em cada (depoimento)?, disse. Acostumada por dever de ofício a escutar este tipo de relato, a alta funcionária da ONU pareceu se emocionar ao conversar com mães de pessoas assassinadas por policiais e ao se ver cercada por crianças do Borel, curiosas pelo movimento e que nem sequer sabiam quem ela era. ?Vocês estão entendendo por que essas mães estão chorando? Porque querem Justiça e vocês, quando crescerem, vão lutar por Justiça?, disse às crianças. No Borel, Asma declarou ter uma visão positiva de que o governo brasileiro, junto com a ONU, estaria impulsionando o País para avançar nos direitos humanos e na erradicação ou redução das execuções arbitrárias e sumárias. ?Foi o governo brasileiro quem me convidou?, disse. Ela contou também que o governo a estimulou a investigar o assunto, a fazer visitas como as de ontem e a escrever ?um relatório realmente independente?. Segundo Asma, para acabar com as execuções, em primeiro lugar o governo tem que aceitar que elas existem. Mas isso não basta. ?Tem que haver profundas mudanças, mas são os líderes (locais) que tem que falar cada vez mais alto . Não se pode ter crianças sendo mortas pela Polïcia?, disse. Ela também recomendou que bons policiais sejam colocados em postos-chave. ?A Polícia não pode lutar contra o crime cometendo crime?.

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