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Repressão minou apoio a Getúlio Vargas na região

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Por Redação
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De sandálias de dedo, o agricultor Gilmar Rogério Wendel, 35 anos, divide o tempo entre a colheita e a prensa de folhas de fumo e as pesquisas sobre a história dos barbudos. Morador de Coloninha, povoado de Arroio do Tigre, um dos palcos da revolta, ele juntou amigos e parentes e filmou o curta "O Grito de Bamo", uma alusão ao "Bamo" (Vamos!) dos líderes do movimento. Os 15 minutos do filme dividiram os moradores. Muitos não gostaram da visão positiva dos barbudos. O diretor do curta interpretou Deca França. "Pelo que pesquisei, o corpo dele foi picado, esquartejado, antes de ser enterrado. Ainda jogaram pedras por cima." Além dos líderes Tácio e Deca, foram mortos pela repressão os barbudos Benjamim, Antônio Vital e Júlio Cabeça e uma criança durante o ataque a Boa Vista. ''A História passa o rodo nessa história que brota do povo'', reclama. A cúpula dos barbudos foi dizimada, mas a revolta deixou consequências: fontes de água e matas consideradas sagradas foram preservadas pelos descendentes dos rebeldes, a figura do bodegueiro desapareceu e os agricultores passaram a negociar direto com as indústrias de cigarro. A repressão também minou o mito em torno de Getúlio Vargas nos povoados da região gaúcha de Centro Serra.

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