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Resgate entra na fase mais difícil

Força-tarefa brasileira nada avistou desde quinta; número de corpos é retificado e FAB fala agora só em 'despojos'

Por Angela Lacerda e RECIFE
Atualização:

A operação de resgate do voo 447 da Air France entra agora em uma fase mais difícil, duas semanas após o acidente. Desde quinta-feira, a força-tarefa militar brasileira nada avistou na região de buscas, enquanto o último resgate realizado pela Marinha francesa ocorreu na sexta-feira, com o recolhimento de seis corpos. Eles foram transferidos ontem para a Fragata Bosísio da Marinha do Brasil e chegam ao arquipélago de Fernando de Noronha amanhã - onde serão submetidos ao mesmo processo de pré-identificação, já realizado em 43 corpos. No total, 49 corpos foram resgatados. Havia 228 passageiros a bordo. O número dos que já se encontram no Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife, para exames de necropsia, foi retificado ontem: são 43 e não 44. Após a pré-identificação por peritos da Polícia Federal e da Polícia Civil, constatou-se que um deles não apresentava tecido humano, "mas de animal marinho de grande porte, possivelmente eviscerado por alguma embarcação de pesca e atirado ao mar". De acordo com nota da Polícia Federal e da Secretaria Estadual de Defesa Social, "o equívoco ocorreu por causa da impossibilidade de se verificar, por simples contato visual, ser o fragmento de tecido orgânico humano ou não". O pedaço - de cerca de 80 centímetros - não será descartado até que exames laboratoriais confirmem a convicção dos peritos. Diante da impossibilidade da verificação por contato visual, o comando operacional passará a utilizar agora o termo "despojo mortal" e não mais "corpo" para o que for encontrado. O brigadeiro Ramon Borges Cardoso, diretor-geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) ressaltou ontem que não há prazo definido para o encerramento das buscas. Lembrou que o limite normalmente considerado é de três semanas - 20 a 21 dias -, mas garantiu que "a decisão (de encerramento das operações) não será só com base em dados técnicos". "Se continuarem encontrando corpos, as buscas serão estendidas." Do lado francês do resgate, a operação também se aproxima de um momento crítico. Com cinco embarcações e equipamentos para rastrear grandes profundidades, as equipes sabem que a caixa-preta pode emitir sinais por, no máximo, mais 15 dias. Depois disso, ficará ainda mais difícil vasculhar o fundo do Oceano Atlântico.

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