Resgate sem autorização quase acaba em morte

Bombeiros estariam removendo vaca atolada, perto de Luiz Alves, e precisaram ser salvos por helicópteros

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Por Redação
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Os resgates de moradores que permanecem isolados em áreas de risco ganham contornos cada vez mais dramáticos no Vale do Itajaí. Ontem, por volta das 17 horas, um morro cedeu perto da cidade de Luiz Alves e soterrou pelo menos oito pessoas. Quatro veículos 4x4 do Corpo de Bombeiros de São Paulo passavam na mesma localidade e ficaram presos no lamaçal que desceu pelas encostas. Helicópteros que estavam no ar foram chamados às pressas para ajudar e resgataram 12 bombeiros. Não se sabe ainda a identidade das vítimas. Ouça relatos de enviados especiais ao Estado No comando aéreo montado no aeroporto de Navegantes, a informação dada por militares era de que os bombeiros de São Paulo estavam sem autorização em uma área onde o trabalho de buscas está suspenso. Os bombeiros estariam tentando salvar uma vaca que estava atolada. A reportagem do Estado estava em um desses helicópteros que fizeram o resgate, acompanhando a entrega de mantimentos numa comunidade, e testemunhou toda a operação de salvamento. A aeronave Águia 2 voava no momento da tragédia na periferia de Blumenau, fazendo policiamento da área. Era visível que havia muita água descendo pelas encostas, depois das fortes chuvas que caíram ontem. Às 17h20, pôde-se ouvir pelo rádio que uma barreira havia cedido ali perto e que oito pessoas estavam soterradas. O capitão Nelson Coelho respondeu que iria ajudar. O trajeto durou tensos cinco minutos. No caminho, chegou a informação pelo rádio de que os bombeiros também eram vítimas e estavam atolados no local. O capitão Coelho desceu na comunidade de Serafim Alto, ao lado do desmoronamento, e deixou a equipe do Estado para ganhar espaço na aeronave. Essa comunidade também ficou isolada pelos novos deslizamentos e 48 pessoas esperam agora por resgate. Há funcionários da companhia de energia de Santa Catarina que trabalhavam no local e estão ilhados. Em 15 minutos, 12 bombeiros foram tirados dali. O capitão Coelho estava furioso. "Aqui é uma área lacrada, não pode ficar ninguém. Não quero ter de buscar mais mortos. Ali do lado caiu a barreira e mais oito pessoas foram soterradas", gritou. Os moradores disseram que não sabiam dos riscos e que não foram avisados pela Defesa Civil. Nesse momento, um homem chegou e pediu ajuda. Disse que sua mulher e sua cunhada estavam no local do novo desmoronamento. "Agora precisamos ajudar vocês que estão aqui", disse o capitão, nervoso por aquelas pessoas ainda não terem sido evacuadas. "Não dá mais para morrer gente aqui, meu Deus, isso não pode continuar."

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