Retirada de moradores foi grosseira, admite Marta

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), admitiu hoje que a ação de retirada dos moradores do Viaduto Rudge, no Bom Retiro, comandada pela Administração Regional da Sé, foi inadequada e grosseira. Ela afirmou que pediu a instalação de um inquérito administrativo para apurar a responsabilidade pelo caso. "A forma como ocorreu foi absolutamente inadequada, mandei apurar para que isso não se repita mais", disse. A remoção dos moradores, veiculada pelo programa A Casa é Sua, da RedeTV, mostrava funcionários da regional e garis jogando objetos pessoais das pessoas em um caminhão de lixo. Muitos afirmaram que não sabiam da ação e que ficaram somente com a roupa do corpo. Marta se contradisse durante entrevista ao comentar a condução do problema. "A família tinha sido avisada, sim, pela Prefeitura", afirmou, para depois completar: "Essa ação que ocorreu foi uma ação feita pela Administração Regional da Sé, que estava tentando tirar as pessoas sem a coordenação com outras secretarias, que é a do Bem-Estar Social (na verdade, Ação Social), que tem de ir antes conversar", disse. A prefeita fez questão de desvencilhar a iniciativa do Plano de Reabilitação Urbanística e de Atenção aos Moradores de Pontes e Viadutos, lançado pela Secretaria da Habitação, em parceria com outras três secretarias municipais, no mês passado. "Foi uma atitude separada, porque as ações do viaduto estão indo muito bem, estão sendo feitas com muita cautela e articulação entre as secretarias." Marta aproveitou para criticar o programa da RedeTV. "Quando soube, de manhã, o que tinha ocorrido, pedi imediatamente para identificar a família, que eu queria conversar com eles, pedir desculpas em nome da Prefeitura e ver o que poderia ser feito. Nós não conseguimos encontrar essa família, que depois foi colocada no ar com muita empáfia, dizendo que não queria conversar, que a Prefeitura não fazia nada", disse. "Foi uma coisa muito arranjada. Não estou desculpando a Prefeitura, mas esse programa é uma desqualificação." Os funcionários da regional envolvidos na ação irão responder a processo administrativo no Departamento de Procedimentos (Proced) e ficarão afastados da rua até a conclusão das investigações. Até que o assunto seja esclarecido, as ações de remoção de moradores de rua que vivem sob os viadutos serão suspensas. Segundo a Assessoria de Imprensa da regional, a Prefeitura colocou à disposição dos moradores de rua o programa de moradia em hotéis. Os objetos recolhidos na ação estão guardados na regional à disposição dos donos, segundo a assessoria. Na segunda-feira, o líder do PSDB, Gilberto Natalini, dará entrada a representação no Ministério Público Estadual (MPE), pedindo esclarecimento dos fatos. "Nunca poderia imaginar que o governo do PT seria capaz de uma ação bárbara e fascista dessas", disse Natalini. Ele também quer que a fita seja exibida em plenário na sessão de terça-feira. O vereador Arselino Tatto (PT) pediu cautela na apuração. "Não está descartada a hipótese de ter sido tudo uma armação contra o governo", disse Tatto. Mesmo assim, ele afirmou que a bancada petista também deseja que a ação seja esclarecida. "Os responsáveis tem de ser punidos", afirmou Tatto.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.