Réu do caso Celso Daniel vai a júri na quinta-feira

Desde 2002, quando o então prefeito de Santo André foi sequestrado e morto a tiros, Bispo dos Santos é o primeiro dos 7 acusados a ser julgado

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Por Redação
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Quase nove anos depois, Marcos Roberto Bispo dos Santos será o primeiro acusado no caso Celso Daniel a sentar no banco dos réus. O Ministério Público o acusa de fazer parte do grupo que matou a tiros o então prefeito de Santo André, do PT, em 18 de janeiro de 2002. O julgamento está marcado para quinta-feira no Fórum de Itapecerica da Serra.A promotoria sustenta que o petista foi vítima de crime de mando e que esse mandante chama-se Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, empresário. Ele foi segurança do prefeito, depois assessor de confiança. Na noite em que Daniel foi capturado estavam juntos. Voltavam de um jantar. Sombra dirigia a Pajero do amigo em uma rua da periferia de São Paulo, quando um bando os cercou. Apontando armas de fogo, levaram Daniel. Dois dias depois o corpo apareceu, crivado de balas, na estrada de terra de Itapecerica.O juiz Antonio Hristov, em12 páginas de decisão, aponta indícios contra Sombra. Cita o relato do médico João Francisco Daniel, irmão de Celso, que afirma ter sido avisado que dinheiro de corrupção ia para o PT. O criminalista Roberto Podval, que defende Sombra, sustenta sua inocência.Dez foram os denunciados pelo Ministério Público, mas apenas 7 a Justiça pronunciou, ou seja, mandou para o tribunal do júri, que julga crimes contra a vida. O primeiro deles é Bispo, que será acusado perante o corpo de jurados pelo promotor de Justiça Francisco Cembranelli - especialista em demandas dessa natureza, ele conseguiu a condenação do casal Nardoni pela morte da menina Isabella.[LINK DO POST]O júri já deveria ter ocorrido a 27 de julho, mas a promotoria requereu adiamento. Os autos - uma pilha de 34 volumes - mostram, como diz o Ministério Público, que Bispo conduzia o veículo Santana que fechou a Pajero de Daniel. Contra o acusado pesa sua confissão ao Departamento de Homicídios. Na Justiça, ainda na fase de instrução do processo, ele negou participação na trama.O Ministério Público está convencido de que Daniel foi eliminado porque resolveu dar um basta em vasto esquema de corrupção e propinas em sua administração, o que teria provocado a ira de Sombra. Mas a polícia concluiu, em dois inquéritos, que o petista foi alvo de "crime comum" - os assassinos estariam na busca de um empresário e atacaram o alvo errado."A tese da defesa é negativa de autoria", declarou o advogado Adriano Marreiro dos Santos, que defende Bispo. "Ele não participou do sequestro. Não há nos autos prova que o coloque no local dos fatos."Marreiro informou que existe "pequena probabilidade" de o júri ser adiado. Segundo ele, seu cliente não foi notificado. "Ele está com muito medo." / FAUSTO MACEDO

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