Revolução de 32 é comemorada com alusão ao PCC

Evento também foi palco de promessas enérgicas contra as ações do crime organizado em São Paulo

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Por Agencia Estado
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Durante a cerimônia de comemoração dos 74 anos da Revolução Constitucionalista de 1932, que reuniu cerca de 3 mil pessoas neste domingo, o governador Claudio Lembo (PFL) disse, em seu discurso, que ?nós, paulistas, vamos sempre nos unir contra o mal e contra a ilegalidade?, numa alusão ao Primeiro Comando da Capital (PCC), que vem desafiando o Estado. A cerimônia ocorreu na frente do Monumento ao Soldado Constitucionalista, conhecido como Obelisco, no Ibirapuera, com a participação de 1.200 policiais militares, 220 oficiais das Forças Armadas e 90 carros, desde jipes exclusivos de uso militar até modelos da época da revolução. Se no ano passado o evento foi marcado por protestos pela mudança do nome do Túnel 9 de Julho para Doutor Daher Elias Cutait, desta vez a preocupação foi apenas a de expressar o orgulho de ser paulista, mesmo com o período turbulento pelo qual passa o Estado, por causa da violência do PCC. Combatentes Um exemplo de união foi dado por uma família que reuniu quatro gerações no desfile. O ex-combatente Francisco Manoel de Almeida, de 93 anos, ia à frente, seguido pelo filho Francisco, de 61, a neta Maria Helena, de 36, e o bisneto Nicolas, de 4. Os três adultos seguravam a antiga bandeira de São Paulo, proibida por Getúlio Vargas durante a ditadura do Estado Novo (1937-1945). A revolução terminou em 2 de outubro de 1932, com a derrota de São Paulo, que não resistiu às tropas legalistas de Vargas. Dois anos depois, porém, os principais objetivos da revolução foram alcançados: a promulgação de uma nova Constituição e o retorno ao Estado democrático. Um casal que assistia à cerimônia também estava lá por orgulho, mas a razão era familiar. Luiz Paulo e Eliane Tavares se emocionaram ao ver o filho, Vinício, de 21 anos, carregando uma das urnas com as cinzas de oito ex-soldados constitucionalistas até o mausoléu de 32 - eles se uniram aos restos mortais de outros 743 heróis paulistas, que já estão na cripta do monumento, juntamente com os restos de Martins, Miragaia, Drausio e Camargo (MMDC), heróis de 32. Todo ano, nas comemorações de 9 de julho, as cinzas dos combatentes que morreram em anos anteriores são levadas para o Obelisco. Reforma O capitão Gino Struffaldi, de 92 anos, presidente da Sociedade Veteranos de 32 - MMDC, afirmou, durante a cerimônia, que a reforma do Obelisco deverá durar ainda de seis a oito meses. Um decreto publicado em 30 de junho, no Diário Oficial do Estado, transferiu para a Polícia Militar a gestão e a manutenção do monumento, o que antes era tarefa da entidade de ex-combatentes. Lembo disse que em breve será liberado R$ 1 milhão para o início das obras. O custo total ficará em R$ 5 milhões. Segurança O secretário de Segurança Pública, Saulo Abreu, afirmou neste domingo que uma ?linha vermelha? será criada para proteger os agentes penitenciários. ?Já temos um esquema de proteção, acompanhamento e monitoramento dos agentes?, afirmou, durante a cerimônia de comemoração do 9 de Julho. O governador não quis falar sobre o pacote de medidas de segurança, mas admitiu que o porte de arma dos agentes é um dos pontos que serão bem discutidos. ?A princípio estamos dando apoio, mas a portaria federal (que libera o porte) não é de muito boa qualidade, tem certa superficialidade.? Saulo disse que sua pasta já vem ajudando o sistema penitenciário com a transferência de detentos para carceragens de DPs. ?Não é nossa política, mas temos estocado mais presos até a reconstrução dos presídios.? O governador afirmou que os presos do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Araraquara terão ?uma situação de melhor conforto? em cerca de 30 dias. Antes disso, segundo Lembo, não há muito o que fazer. ?Não tenho varinha de condão. Não sou mágico, apenas um administrador e determinei contrato de emergência.? O governador considerou ?muito normal? a atitude dos funcionários do CDP de Pinheiros, que no sábado cobriram as placas dos carros, com medo de serem alvos de ataques.

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