PUBLICIDADE

Rio faz campanha contra prostituição infantil

Por Agencia Estado
Atualização:

A Secretaria de Estado de Ação Social do RJ começa no dia 23 uma campanha de combate à prostituição infantil. O alvo serão os 400 mil turistas que chegam ao Estado para a temporada de férias. Haverá distribuição de panfletos, com a advertência "Exploração sexual infantil é crime", na orla. Nos quartos de hotéis, os hóspedes também encontrarão o material de alerta. "Ninguém pode concordar com a exploração das nossas crianças. Elas não são um produto para os turistas que nos visitam", afirmou a secretária Rosângela Matheus. No último ano, a secretaria acolheu 437 jovens envolvidos com prostituição - 86% meninas. A maioria tem de 15 a 17 anos (59%). A seguir, estão os de idade entre 12 e 14 anos (32%). Mas também crianças de 9 a 11 anos (8%) e até de 6 a 8 (1%). Quarenta e nove por cento assumiram que usavam drogas. As que mais apareceram foram maconha (21%), cola (21%), cocaína (21%) e thinner (solvente de tinta, 10%). Um dado assusta: 32% dos pais sabiam que os filhos se prostituíam. Em Angra dos Reis, Volta Redonda e Macaé, mais de 50% deles têm consciência da atividade dos filhos. "Já temos ações para coibir esse tipo de comportamento. São as escolas de pais, em que eles reaprendem a educar os filhos", afirmou Rosângela. De acordo com dados da secretaria de Ação Social, Copacabana concentra os casos de prostituição infantil - 26,5%. A seguir vêm Baixada Fluminense (21,4%), Centro (17,8%), Barra da Tijuca (9,6%), São Cristóvão (8,1%), Grajaú (6,2), Interior (6,2%) e Jacarepaguá (4,2%). "Tem ocorrido uma migração de Copacabana para a Barra", afirmou a titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Monique Vidal. Uma das crianças que passaram a atuar na Barra é o desafio da delegada. "Ela tem 13 anos, mas diz que tem 17, já foi acolhida várias vezes durante as nossas blitze, mas sempre volta para a rua", conta. A menina não tem pais e vive com uma irmã. Por que ela se prostitui? "Porque ela não receberia num emprego dito honesto o que ganha por mês nas ruas", diz Monique. O vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH), Álvaro Bezerra de Mello, afirma que os 220 hotéis da associação aderiram à campanha. "Nos nossos hotéis, menores de idade não entram", afirmou. A garantia é a exigência de documento de identidade para todas as "amigas", "sobrinhas", "acompanhantes". "Elas preenchem ficha e apresentam a identidade. Isso evita ainda o golpe Boa-Noite, Cinderela", acredita Bezerra de Mello. O vice-presidente da ABIH criticou ainda a campanha da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) de 10 anos atrás. "A publicidade era errônea, sempre em cima da mulher de biquíni. De cinco ou seis anos para cá, começaram a divulgar as belezas naturais", afirmou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.