Rio pede ajuda federal após vazamento de mineradora

Cerca de 114 mil ficarão sem água nos próximos dias no Estado

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Por Agencia Estado
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O secretário de Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, solicitou nesta quinta-feira auxílio financeiro ao governo federal para ajudar os municípios do noroeste e norte do Estado, afetados pelos dois bilhões de litros de lama que vazaram após o rompimento de uma barragem. O fornecimento de água da região de cerca de 114 mil pessoas deverá ser afetado nos próximos dias. A barragem pertence à empresa Mineração Rio Pomba Cataguazes, na cidade de Miraí, em Minas Gerais, na divisa com o Estado do Rio. Este é o segundo vazamento provocado pela companhia em dez meses. O secretario afirmou que os recursos sairão do Fundo Nacional do Meio Ambiente, mas a quantia não foi ainda definida pela ministra da pasta, Marina Silva. "Queremos os recursos para auditar também as empresas com potencial poluidor daquela região, não queremos no futuro chorar mais o óleo ou a lama derramada", disse Minc a jornalistas. Segundo ele, há pelo menos 400 barragens de empresas do norte e noroeste do Rio, e algumas estão em péssimo estado de conservação. De acordo com a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio (Cedae), o fornecimento de água de cinco municípios deve ser afetado nos próximos dias. Em Laje do Muriaé, a água deverá ser cortada ainda nesta quinta-feira. Minc afirmou que uma outra leva de lama, em menor quantidade, ameaça vazar da mesma barragem para o rio Muriaé e, caso isso ocorra, o fornecimento de água será interrompido também nas cidades de Itaperuna, São José de Ubá, Cardoso Moreira e Italva. Carros-pipa da própria empresa e outros solicitados ao governo de Minas estão sendo utilizados para ajudar na distribuição de água na região. Material tóxico O corte de água é preventivo e somente na segunda-feira a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente do Rio (Feema) vai divulgar os resultados das análises da lama que vazou da mineradora. Minc confirmou que a lama deve conter alumínio, uma vez que a empresa usava sulfato de alumínio para o processo de lavagem da bauxita. Ele destacou que no vazamento da mesma empresa, em 2006, foram encontrados na lama materiais tóxicos como cromo, níquel e alumínio. Já o Sistema Estadual de Meio Ambiente de Minas afirmou que, em uma avaliação preliminar de seus técnicos, não foi encontrado material tóxico na lama. O fornecimento de água nas cidades afetadas só deverá ser normalizado em até oito dias. O presidente da Cedae, Wagner Victer, afirmou que até agora nenhum representante da empresa entrou em contato com autoridades do Rio para dar mais esclarecimentos ou para desculpar-se pelo acidente. "A empresa não deu uma ligação para o Rio de Janeiro, isso é coisa de bandido e pilantra", disse Victer. Além do pedido de auxílio financeiro, a Secretaria do Meio Ambiente acionou a Procuradoria do Estado para mover uma ação civil pública contra a empresa. O governo mineiro aumentou para R$ 75 milhões a multa à mineradora pelo desastre. Contudo, a Mineração Rio Pomba informou, por meio de nota oficial, que a elevada concentração de chuvas na região nos últimos dias causou o "rompimento da sua barragem de contenção de rejeitos de bauxita", motivo apontado para o acidente.

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