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Rio Pinheiros pode voltar a ter peixe em 2011, calcula governo

Meta depende da construção de estações de flotação e de interceptores para bloquear despejo de esgoto

Por Bruno Paes Manso
Atualização:

Margeadas por prédios modernos e de alto padrão, cortando uma das regiões mais nobres da cidade, as águas negras e malcheirosas do Rio Pinheiros, que passam pelas zonas oeste e sul da capital, devem estar prontas para a volta dos peixes em 2011. Essa é a estimativa otimista dos técnicos da Secretaria de Saneamento e Meio Ambiente de São Paulo e da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), que prometem até o fim do ano bloquear cerca de 60% de todo esgoto que vem sendo despejado no rio. Com os 26 quilômetros de interceptores de esgoto construídos ao longo das margens dos Rios Pinheiros e Tietê nos últimos quatro anos, 2 metros cúbicos dos 8 m³ de dejetos despejados por segundo no Pinheiros passaram a receber tratamento. Este ano, 10 quilômetros de interceptores serão construídos e devem bloquear mais 3 m³ de esgoto por segundo. "A despoluição do Pinheiros é fundamental por questões ecológicas, urbanísticas e econômicas", afirma a secretária estadual de Saneamento e Energia, Dilma Pena. Para que a vida volte às águas do Pinheiros, no entanto, a secretaria ainda precisa construir um sistema de flotação capaz de acelerar a limpeza do rio. A idéia é fazer três estações de flotação - na altura do Cebolão, na Usina de Traição e na Usina Pedreira - com capacidade para limpar um volume de água superior a 40 m³ por segundo. O método exige que o curso do Pinheiros seja invertido, o que significa que o rio passará a desaguar na Represa Billings, em vez de seguir rumo ao Tietê. Com isso, existe a preocupação de que o principal reservatório de água da capital fique ainda mais poluído. Para evitar problemas com o Ministério Público Estadual, a secretaria realiza testes em duas estações de flotação com capacidade para bombear 10m³ de água por segundo. Os dados obtidos nos testes servirão para o governo aprovar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima) do sistema de flotação. "A partir do funcionamento do sistema, que ocorrerá entre 2010 e 2011, começam a aparecer os peixes", diz Antônio Bolognesi, diretor de geração da Emae. Os investimentos estimados para a construção do sistema são de R$ 350 milhões. Mas a reversão do Rio Pinheiros pode render dividendos. Com o projeto, a Usina Henry Borden, na Billings, funcionará com todo o seu potencial, o que significa que produzirá energia adicional para uma cidade de 1 milhão de pessoas. "Os custos da despoluição do rio podem ser cobertos pelo ganho da venda dessa nova energia", afirma Bolognesi.

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