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"Rio Seguro", 2º dia: 13 favelas ocupadas, 5 traficantes mortos

Por Agencia Estado
Atualização:

No segundo dia da operação ?Rio Seguro?, a Polícia Civil ocupou 13 favelas da cidade, matou cinco supostos traficantes, em tiroteio na Favela da Lagartixa, em Costa Barros, na zona norte do Rio, e prendeu pelo menos 10 pessoas. Cerca de 500 policiais ? 260 de delegacias especializadas ? participaram nesta quinta-feira do esquema especial montado pela Secretaria de Segurança Pública depois que o Rio viveu momentos de caos durante a semana. Entre a noite de quarta-feira e as 18 horas desta quinta, oito ônibus foram queimados, e quatro, depredados. São 37 coletivos atacados desde segunda-feira. Um mercado foi saqueado em Vigário Geral, na zona norte. Revista em Bangu A Secretaria de Administração Penitenciária determinou que os presídios Bangu 3 e 4 fossem vasculhados em busca de armas, drogas e telefones celulares. A vistoria começou na madrugada desta quinta e durou o dia inteiro. Quinze militares do Exército auxiliaram agentes com detector de minas terrestres do Exército. Foram encontrados e confiscados 111 telefones celulares, 13 baterias, três rádio-transmissores, dois carregadores de pistola, 108 munições de diversos calibres, duas facas e dois facões, além de cocaína, maconha, uma balança de precisão para pesar drogas e até um laptop, enterrado no chão de uma das celas. Desde domingo, o policiamento foi reforçado no Complexo Prisional de Bangu. Traficantes mortos em tiroteio no morro Quatro homens e uma mulher, supostamente traficantes, foram mortos na manhã desta quinta-feira, depois de trinta minutos de tiroteio com policiais civis, na Favela da Lagartixa, em Costa Barros. Um deles é Marco Tito de Lima, o Gordo, apontado como o braço-direito do traficante Paulo César Silva dos Santos, o Linho. Ele vinha comandando o tráfico de drogas na Lagartixa e também nas favelas da Maré e Pedreira. Completou 23 anos nesta quarta-feira. O objetivo específico era cumprir um mandado de prisão contra o traficante Linho e um comparsa seu, conhecido como Warley. A polícia tinha informações de que havia um bando ocupando um sobrado de dois andares no Beco Palmares, perto da entrada da favela. Cerco na favela Vinte e cinco homens da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (DRAE) cercaram a casa, por volta das 7h, e determinaram que todos se rendessem. Depois de uma breve negociação para retirar a mulher de Gordo e seu filho ? ainda bebê ?, os criminosos tentaram abrir caminho de fuga à bala, saindo pelos fundos e pelo telhado. De acordo com policiais, os criminosos dispararam com fuzil através das paredes da casa, para acertar os agentes do lado de fora. Houve intensa troca de tiros por cerca de meia hora. Granada explode no alto de casa Duas granadas, usadas para afugentar a polícia, destruíram parcialmente o telhado de uma casa vizinha. ?Saí para o posto de saúde às 3h30. Se estivesse em casa teria morrido?, disse, muito nervosa e chorando, Maria do Carmo da Silva, 65 anos. A granada explodiu no telhado exatamente em cima de sua cama e destruiu parte do cômodo. Dois agentes ficaram levemente feridos por estilhaços. Centenas de buracos de balas e cápsulas de fuzil podiam ser vistos dentro da casa, nos telhados vizinhos e no terraço. Uma mulher, armada com uma pistola, participou da resistência ao cerco junto com os comparsas, foi baleada e morreu a caminho do Hospital Getúlio Vargas, na Penha. "Mandei o cara brincar carnaval com o Capeta" Na casa, um carrinho de bebê, duas mamadeiras e fraldas ficaram espalhados pelo chão de um quarto sem móveis. ?Mandei o cara brincar carnaval com o Capeta. Ele achou que ia brincar na Sapucaí?, disse um policial. A polícia apreendeu dois fuzis ? um AK-47 e um FAL, 7.62 ? , três pistolas ? duas calibre 9 milímetros e uma 380 ?, além de roupas camufladas e pretas. Dois jovens foram detidos e levados para averiguações. A mulher de Gordo, identificada apenas como Cristina, foi levada à Drae e liberada após prestar depoimento. Mais ônibus queimados Uma hora depois de a polícia deixar a favela, moradores atearam fogo a um ônibus em uma rua de acesso ao morro em protesto contra a ação que resultou na morte dos cinco criminosos. Seis pessoas ? três menores ? foram presos, e a rua, desobstruída rapidamente. Até as 18 horas desta quinta, o Sindicato de Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro (Rioônibus) registrou três ônibus incendiados e quatro depredados. Na noite desta quarta, cinco coletivos haviam sido queimados na Estrada de Madureira, em Nova Iguaçu, zona norte. Segundo a Rioônibus, 37 ônibus foram destruídos por fogo e 19 por depredação desde segunda-feira ? quando começaram os ataques. Cada veículo inutilizado corresponde a um prejuízo de R$ 130 mil, visto que o seguro não cobre esse tipo de evento. Saque Pela terceira vez na semana, a Praça Catolé do Rocha, em Vigário Geral (zona norte), foi alvo de saqueadores. Nesta quinta à noite, o supermercado Agosto foi invadido por 200 pessoas, entre crianças, adultos e idosos. Duas pessoas foram presas. ?Roubaram mais as bebidas, quase 200 caixas de cerveja, e biscoitos. É mais baderna que necessidade?, disse o gerente do Agosto Sebastião Ramos, que calcula o prejuízo em R$ 30 mil. Nas madrugadas de segunda e terça, uma mercearia a 150 metros dali também foi arrombada. A aposentada Auri Maria do Carmo, de 70 anos, que teve 18% do corpo queimado no incêndio de um ônibus em Botafogo na segunda-feira, morreu nesta quinta no Hospital Souza Aguiar. Ela não teve tempo de sair depois que o coletivo foi incendiado. Veja o especial:

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