Rio vai dar prêmio ao bom policial

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Por Agencia Estado
Atualização:

O governo do Rio vai criar um prêmio de direitos humanos para bons policiais. Serão agraciados com um valor em dinheiro aqueles que se destacarem pela atuação dentro dos limites da lei. A medida foi anunciada pelo novo secretário estadual de Direitos Humanos, coronel Jorge da Silva, que tomou posse hoje. Silva disse que a escolha não será por produtividade nem por atos de bravura ? ao contrário do modelo que vigorou no Estado durante o governo Marcello Alencar (1995-1998), em que policiais que matavam o maior número de crimonosos tinham acréscimo nos vencimentos (a premiação ficou conhecida como ?gratificação faroeste?). Dessa vez, os premiados serão os policiais que não cometerem abusos de autoridade e que promoverem e divulgarem os direitos humanos no exercício da profissão. Além deles, membros da sociedade civil ou instituições que tiverem atuação de destaque na área também serão condecorados. Na cerimônia de posse, o secretário anunciou que está desenvolvendo um projeto para reserva de vagas nas duas universidades estaduais (a Uerj, Universidade do Estado do Rio, e a Uenf, Universidade Estadual do Norte Fluminense) para órfãos de policiais que tenham morrido em serviço. Para conseguir uma vaga, eles não precisariam ser classificados no vestibular, só teriam de ser aprovados no concurso. Silva disse que se trata de uma medida humanitária e compensatória, que não iria prejudicar os demais candidatos. Ele não acredita que haverá resistência de outros setores com relação à iniciativa. Jorge da Silva disse que, em sua gestão, pretende ampliar a atuação da secretaria, estendendo o conceito de direitos humanos. Atualmente, a maior parte das reclamações diz respeito a casos envolvendo maus policiais. Para tal, será criada uma ouvidoria, que receberá reclamações de todo tipo. Ele planeja ainda aumentar o número de atendimentos do programa de proteção a testemunhas e de assistência a policiais portadores de deficiência. O trabalho escravo é outro problema grave que está entre as prioridades. O secretário citou também o caso do estudante Rômulo Batista de Melo, que morreu no último dia 27 depois de passar seis dias preso na delegacia de Cabo Frio, na Região dos Lagos. Os pais dele acreditam que ele foi assassinado por policiais ? tese que está cada vez mais forte, com base nos depoimentos colhidos ?; estes sustentam que ele se autolesionou na cela. Os policiais foram afastados de suas funções. Silva sugeriu que o Ministério Público acompanhe as investigações, para dar transparência à apuração.

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