Rio vai transformar o Cassino da Urca em museu

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Por Agencia Estado
Atualização:

Com a decisão judicial que impede a construção de uma unidade do Guggenheim na cidade, o prefeito do Rio, Cesar Maia, anunciou hoje, para março de 2004, o início das obras de reforma do antigo Cassino da Urca, que deverá ser transformado no Museu do Rio, um espaço dedicado a mostrar o desenvolvimento urbano do município. Dessa vez não deve haver contestação na Justiça, porque o dinheiro não sairá dos cofres da prefeitura. O eventual início das obras ? que ainda depende de parcerias com a iniciativa privada e recursos provenientes de leis de renúncia fiscal ? coincide com a comemoração dos 100 anos da reforma urbanística promovida no centro do Rio pelo prefeito Francisco Pereira Passos em 1904. Foi a maior transformação do espaço urbano carioca, com a demolição de morros, como o do Castelo, e a aberturas de grandes vias, como a Avenida Central, hoje Rio Branco, inspirada nos boulevards parisienses. A construção do prédio foi iniciada nos anos 20, e sofreu uma série de transformações ao longo do tempo, com a criação de anexos, paredes e um terceiro andar que não existia no projeto original. ?Tudo que não é original será demolido?, disse o prefeito. Localizado na Urca, uma península na entrada da Baía de Guanabara, tem uma arquitetura que não valoriza sua localização: janelas pequenas e muito concreto. Fica difícil ver o mar de dentro do prédio, que começa na praia, atravessa a rua que dá acesso ao bairro e se estende aos pés do morro do Pão de Açúcar. De acordo com o prefeito, o projeto de reforma está orçado em R$ 9 milhões. O prédio foi inaugurado como hotel-balneário. Em 1932, foi comprado pelo proprietário do Hotel Quitandinha, o empresário Joaquim Rolla, e transformado no Cassino da Urca, palco onde Carmem Miranda, Grande Otelo e as irmãs Linda e Dircinha Batista, entre outros, fizeram história. Com a proibição do jogo no País, em 1946, o cassino foi fechado. Cinco anos depois, o prédio passou a abrigar os programas de auditório da TV Tupi, primeira emissora a funcionar no Rio. A televisão saiu do ar em 1980. Desde então, o local estava abandonado. Maia disse que estuda transformar um espaço do prédio em museu da televisão. A cerimônia de ontem, com a presença do prefeito e de artistas convidados, marcou a desapropriação ?amigável? do imóvel, que foi transferido para a prefeitura. ?O coração bateu forte. Você não sabe a emoção que é voltar aqui tanto tempo depois. Há anos eu não fazia isso?, disse Marly Bueno, primeira garota-propaganda da Tupi, que parecia não se incomodar com o forte cheiro de mofo do local.

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