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Ritmo da Angola vira febre em Salvador

Milhares de foliões tentam dançar kuduro, importado neste verão por grupos de pagode baiano

Por Tiago Décimo
Atualização:

"Quem sabe dançar kuduro?", perguntou o vocalista da banda de pagode baiano Psirico, Márcio Victor, quando passou, comandando o Bloco Skol, pelo camarote patrocinado pela marca de cerveja na madrugada de ontem. Alguns foliões comemoraram o anúncio de uma música do ritmo nascido em Angola. Muitos, porém, não escondiam a expressão de dúvida. O início da apresentação foi a senha para que se vissem milhares de foliões tentando imitar a coreografia do cantor, que agitava as pernas mas mantinha as nádegas contraídas. O ritmo mistura a tradicional semba angolana com música eletrônica. "É uma delícia de dançar, não conhecia", rendeu-se a publicitária paulistana Ana Carolina Cunha, de 23 anos. O ritmo começou a entrar nas festas de Salvador no início do verão, levado pelas bandas de pagode baiano - estilo que começou a ser nacionalmente conhecido com o grupo É o Tchan e hoje tem os grupos Psirico, Harmonia do Samba, Pagod?art e Fantasmão como principais representantes. Este último grupo começou o ano emplacando o hit Kuduro, cuja letra tenta explicar o estilo musical, nas principais rádios baianas. "Isso não é rap, isso não é samba, essa mania vem de Luanda", diz um trecho da música. Veio o carnaval para confirmar a popularidade do ritmo. Além das bandas de pagode baiano, estrelas da axé, como Ivete Sangalo, aderiram ao ritmo. "Adoro!", diz a cantora, que ensaiou algumas canções do ritmo nos blocos que comandou. Ontem, porém, quando passou pelo Circuito Osmar (Campo Grande), Ivete - de dourado, com uma coroa em forma de cobra, homenageando as deusas egípcias - começou entoando a música de trabalho Cadê Dalila?, de Carlinhos Brown e Alain Tavares, fazendo com que os foliões esquecessem a fina chuva que caía. Pouco antes, foi a vez de Cláudia Leitte animar o público com sua nova música, Beijar na Boca, candidata a ser uma das mais tocadas da folia de Salvador. Animada com o sucesso do hit, Claudinha, como é chamada pelos fãs, mandou pendurar uma faixa gigantesca com sua foto, cobrindo toda a lateral de um shopping center nos arredores do Circuito Osmar (Campo Grande), na qual convocava os foliões: "Recorde de Beijos na Boca - neste domingo, vamos entrar para o livro dos recordes." No bloco, de fato, os foliões estavam inspirados: para qualquer canto que se olhasse, casais se beijavam. "Vamos aproveitar!", incentivava a cantora.

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