Romaria do Bonfim tem santo e trio elétrico

O santo mais popular dos baianos, Senhor do Bonfim seguiu literalmente atrás do trio elétrico hoje, durante a Romaria Penitencial criada pelo ex-arcebispo de Salvador dom Lucas Moreira Alves há 19 anos para ser uma espécie de versão católica da tradicional Lavagem do Bonfim, festa profana realizada em janeiro. A imagem do santo, feita na cidade portuguesa de Setúbal entre 1744 e 1745 a pedido do fundador da devoção em Salvador o capitão Teodózio Rodrigues de Faria, foi levada pela primeira vez na procissão. Participaram cerca de 100 mil pessoas, segundo cálculo dos organizadores, animados por dois trios elétricos que tocaram músicas sacras. A festa começou com uma missa no inicio da manhã celebrada pelo presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) o arcebispo de Salvador dom Geraldo Majella Agnelo, no adro da Igreja dos Mares. Depois os milhares de fiéis seguiram em procissão até a Colina do Bonfim. Muitos choraram quando viram que a imagem do santo iria abrir a romaria. Essa foi a 19.ª vez que a escultura de Senhor do Bonfim deixou a igreja, o que só acontece em ocasiões especialíssimas como em 1842, quando houve em Salvador uma procissão pelo fim de uma grande seca ou em 1942, pelo fim da 2.ª Guerra Mundial. Em 1980, a imagem foi levada para a missa campal celebrada pelo papa João Paulo II na cidade, durante sua primeira visita ao Brasil. Já em 1996, Senhor do Bonfim teve um encontro histórico com a imagem de Nossa Senhora Aparecida no Estádio da Fonte Nova. Durante a romaria padres de todas paróquias de Salvador ouviram confissões dos fiéis, enquanto voluntários recolhiam gêneros alimentícios para doação a instituições de caridade e contribuições em dinheiro dentro da Campanha da Fraternidade. Os recursos arrecadados serão aplicados, dentro do tema da campanha deste ano, a água, para a construção de poços artesianos nas ilhas de Paramaná e Bom Jesus dos Passos situadas na Baía de Todos os Santos, que não dispõem de sistemas de abastecimento.