Romenos acusados de explorar menores são detidos

As crianças, que, segundo os romenos, são seus filhos. Eles entraram no Brasil por meio de um pedido de asilo político e serão indiciados por estelionato e por infração ao Estatuto da Criança e do Adolescente.

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Por Agencia Estado
Atualização:

Onze romenos refugiados foram detidos na madrugada de ontem sob acusação de explorar nove menores, também romenos, com idades entre dois meses e nove anos, que eram obrigados a pedir esmolas nas ruas do Rio. As crianças, que, segundo os romenos, são seus filhos, foram levadas para um abrigo da prefeitura na zona norte da cidade. Eles entraram no Brasil por meio de um pedido de asilo político e serão indiciados por estelionato e por infração ao Estatuto da Criança e do Adolescente (Eca). De acordo com a delegada titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Monique Vidal, os romenos - seis mulheres e cinco homens - pediam dinheiro no centro da cidade (onde fica o hotel onde estão hospedados) usando cartazes, em que diziam ser refugiados que não tinham dinheiro para sobreviver. À delegada, contaram que fazem parte de um clã nômade (semelhante a comunidades ciganas) e ainda que sofrem perseguição política na Romênia - fato que os motivou a vir para o Brasil. A Polícia Federal informou que todos tinham autorização provisória para permanecer no Brasil, mas que aguardam a decisão definitiva de um recurso que tramita no Ministério da Justiça. O grupo, que disse viver de biscates, deve ficar no Rio, em liberdade, até que o resultado do recurso saia. Se for desforável, eles serão mandados de volta à Romênia. Os romenos afirmaram que viveram por onze meses em São Paulo e disseram estar no Rio há apenas dois dias - embora a delegada tenha a informação de que eles foram vistos na cidade no fim do ano passado. "Infelizmente, nenhum deles foi preso em flagrante. Mas serão indiciados por submeter crianças a constrangimentos e ainda por estelionato", disse Monique Vidal, que chegou ao grupo por meio de denúncias anônimas. Os menores e os adultos foram levados até o juiz da 1ª Vara da Infância e da Juventude, Siro Darlan. Segundo o juiz, as atitudes deles ferem as leis brasileiras, mas são fruto de uma outra cultura. "Eles são ciganos, não têm residência fixa. Por isso, as crianças não freqüentam a escola. No Brasil, isso é crime, mas não sei como é na Romênia", disse Darlan.

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